Contra a guerra, crítica de Putin entra na corrida presidencial da Rússia
Com posicionamentos opostos ao atual chefe do Kremlin, Yekaterina Duntsova defende o fim do conflito na Ucrânia e a libertação de presos políticos

A ex-jornalista de TV Yekaterina Duntsova anunciou nesta quarta-feira, 20, que concorrerá às eleições presidenciais da Rússia em 2024, competindo contra Vladimir Putin, que ocupa o cargo há duas décadas. A mulher de 40 anos tem posicionamentos opostos ao atual chefe do Kremlin: defende o fim da guerra na Ucrânia, iniciada em fevereiro do ano passado, e a libertação de presos políticos, como o ex-advogado Alexei Navalny.
Duntsova oficializou a campanha ao entregar seus documentos à Comissão Eleitoral Central. Embora analistas deem como certa a renovação do mandato de Putin, tanto críticos do líder russo quanto parte dos seus apoiadores consideram o prognóstico precipitado. Ele precisa obter 300 mil assinaturas de apoio à candidatura até 31 de janeiro.
Enquanto Putin se utiliza do termo “operação militar especial” para tratar da invasão à Ucrânia, a ex-jornalista usa, acompanhando países ocidentais, a palavra “guerra”. As profundas diferenças deixam Duntsova com “medo”, já que seu rival tem um histórico de perseguir dissidências. A insegurança, contudo, não contamina a sua certeza de que conseguirá lutar pelo comando do país.
“Por que estamos falando de permissão se este é meu direito de acordo com a lei e eu tenho essa possibilidade e tenho as qualidades necessárias para me apresentar?”, respondeu. “Estamos apenas nos movendo de acordo com a fórmula prescrita pela lei federal e para isso não precisamos da permissão de ninguém”.
+ Putin vai concorrer novamente à Presidência da Rússia em 2024
Os anos de Putin
Putin, de 71 anos, lançou sua candidatura presidencial no início deste mês, para permanecer na liderança por mais seis anos. Com Nalvany desaparecido, enquanto cumpre a pena de quase 20 anos de reclusão, e outros opositores presos, não há uma figura de oposição forte e estabelecida para desafiá-lo. Ninguém, a não ser Duntsova, se disponibilizou para a empreitada.
Ainda que alguns de seus apoiadores não adiantem sua vitória, o controle do aparelho político e da mídia fornecem uma bela vantagem. Sondagens independentes mostram que o presidente tem um índice de aprovação superior a 80%, embasada na crença dos cidadãos russos de que Putin restaurou a ordem e parte da influência que o país perdeu durante o caos do colapso da União Soviética.