Copa do Mundo: Fifa pede ‘foco no futebol, não em política’ durante jogos
Entidade apela que 'batalha ideológica' seja evitada após seleções anunciarem protestos contra violações de direitos humanos no Catar, sede do evento
A Federação Internacional de Futebol (Fifa) enviou uma carta às 32 seleções que disputam a Copa do Mundo 2022 nesta sexta-feira, 4, pedindo que as equipes evitem discussões políticos durante o torneiro para se concentrarem nos jogos.
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A rede britânica BBC teve acesso ao conteúdo do documento assinado pelo presidente da Fifa, Gianni Infantino, e pela secretária-geral, Fatma Samoura. No texto, as autoridades alegam estar cientes dos “desafios de natureza política”, mas que o futebol deve se sobrepor a eles.
“Por favor, não permita que o futebol seja arrastado para todas as batalhas ideológicas ou políticas que existem”, diz a carta. “Na Fifa, tentamos respeitar todas as opiniões e crenças, sem entregar lições de moral para o resto do mundo. Nenhum povo, cultura ou nação é ‘melhor’ do que qualquer outro. Este princípio é a pedra fundamental respeito mútuo e não discriminação.”
A intenção de instituição seria amenizar os protestos contra o governo do Catar, sede do evento que terá início em 20 de novembro. O país tem sido criticado criticado globalmente por acusações envolvendo discriminação contra homossexuais, violações de direitos humanos e de leis trabalhistas.
Organizações de direitos humanos denunciaram a exploração de trabalhadores estrangeiros durante a construção dos estádios. De acordo com os relatos, muitos dos imigrantes foram alojados em campos de trabalho precários, tiveram compensação inadequada e foram forçados a permanecer no país por meio de passaportes confiscados.
Um relatório da Anistia Internacional publicado no ano passado apontou que o país falhou em investigar as mortes de dezenas de trabalhadores migrantes na última década.
Em setembro, a seleção de futebol da Austrália se tornou a primeira das participantes da Copa do Mundo 2022 a condenar declaradamente os supostos abusos cometidos pelo anfitrião do torneio.
A fornecedora de material esportivo da seleção da Dinamarca, Hummel, anunciou que os jogadores usariam uma camisa preta, a cor do luto, para reconhecer de forma “velada” a morte de operários durante as preparações do evento.
A equipe dinamarquesa também aderiu à campanha que inclui outras sete seleções europeias, que promove a igualdade e a diversidade sexual, chamada “One Love”. O movimento propõe que os capitães dos time usem braçadeiras multicoloridas com símbolo da campanha.