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Coreia do Norte ameaça reforçar segurança em zona desmilitarizada

Exercícios militares ordenados por Pyongyang estão programados em diversas regiões do país; Sul condena declarações e diz que Kim Jong-un pode pagar caro

Por Ricardo Ferraz Atualizado em 17 jun 2020, 12h02 - Publicado em 17 jun 2020, 11h12
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  • Um dia depois de explodir o escritório de relações com o Sul, o regime ditatorial da Coreia do Norte demonstrou que está disposto a seguir subindo a tensão na fronteira com a Coreia do Sul. Pyongyang ameaçou nesta quarta-feira, 17, reforçar a presença militar nos arredores da Zona Desmilitarizada da Coreia (DMZ), um cinturão que separa os dois países.

    Pyongyang afirmou ainda que rejeitou a oferta do presidente sul-coreano, Moon Jae-in, sobre o envio de emissários para negociações. Kim Yo Jong, irmã do líder norte-coreano Kim Jong Un, que entrou em cena como a protagonista da crise, chamou a proposta de “sinistra e sem tato”, de acordo com a agência norte-coreana KCNA.

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    Os exercícios militares, que em tempos de crise funcionam como avisos e ameaças ao inimigo, já começaram na região. Um porta-voz do exército norte-coreano anunciou o retorno dos postos de segurança, que haviam sido retirados da zona desmilitarizada, no âmbito de um acordo intercoreano em 2018, para “reforçar a vigilância da linha de frente”.

    Em um comunicado divulgado pela agência estatal KCNA, o exército norte-coreano afirma que vai mobilizar unidades na estação turística de Monte Kumgang no complexo de Kaesong. As duas zonas abrigaram, no passado, alguns dos projetos mais importantes da cooperação. O Monte Kumgang era um destino turístico para os sul-coreanos, até que, em 2008, um soldado norte-coreano matou uma mulher que havia se afastado das áreas autorizadas. Já a zona industrial de Kaesong, era a sede de empresas sul-coreanas que, até 2018, empregavam operários norte-coreanos, pagando os salários em Pyongyang, em um acordo muito lucrativo para a Coreia do Norte.

    O exército também anunciou que as unidades de artilharia, em particular nas zonas marítimas, retomarão “todos os tipos de exercícios militares regulares” e que o Norte pretende enviar os próprios folhetos de propaganda em direção ao Sul.

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    Folhetos criticando o regime de Kim Jong-un, disparados por dissidentes norte-coreanos que se refugiaram na Coreia do Sul, com uso de balões de gás, foram o pretexto de Pyongyang para destruir o escritório de relações bilaterais. No entanto, vários analistas suspeitam que o Norte tenta criar uma crise para conseguir concessões após a estagnação das negociações internacionais sobre seus programas nucleares.

    A RESPOSTA DE SEUL

    A escalada das tensões foi condenada por Seul. “Advertimos que não toleraremos mais as ações e as declarações pouco razoáveis do Norte”, declarou o porta-voz da Casa Azul, a presidência sul-coreana, Yoon Do-han. Ele classificou a resposta dada pelo governo de Pyongyang a respeito da proposta de Moon como “insensata, grosseira e sem precedentes”.

    O ministério da Defesa sul-coreano considera que, se concretizadas, as ameaças do Norte violariam diversos acordos intercoreanos. “Sem dúvida, o Norte pagará o preço caso este tipo de ação aconteça”, adverte um comunicado.

    O escritório  de relações com o Sul foi inaugurado em setembro de 2018 e representava a principal tentativa  de distensão na península. Resultado de um acordo entre Kim e Moon, que se reuniram três vezes em um período de poucos meses, o escritório abrigava delegações dos dois países – cada uma com 20 funcionários.

    No momento da explosão, o escritório estava vazio porque havia interrompido as atividades em janeiro, devido à pandemia de coronavírus. Mas, as relações Norte-Sul já haviam piorado após o fiasco do segundo encontro entre o presidente americano Donald Trump e Kim Jong Un, em fevereiro de 2019 em Hanói.

    (Com AFP)

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