O porta-voz do Departamento de Estado dos Estados Unidos, Matthew Miller, disse na noite da quarta-feira, 19, que a Coreia do Norte não está respondendo às tentativas de contato para discutir a situação do soldado americano que atravessou a fronteira fortemente armada entre as duas Coreias e foi detido pelo regime de Kim Jong-un.
O soldado raso Travis King, que deveria estar indo para Fort Bliss, Texas, depois de cumprir uma sentença de prisão na Coreia do Sul por agressão, foi para a Coreia do Norte durante uma excursão turística à vila de Panmunjom, na terça-feira 18. Ele é o primeiro americano detido na Coreia do Norte em quase cinco anos, segundo os registros.
“Ontem, o Pentágono entrou em contato com seus colegas do Exército Popular Norte-Coreano. Meu entendimento é que essas comunicações ainda não foram respondidas”, disse Miller.
Miller afirmou que a Casa Branca, o Pentágono e o Departamento de Estado estão trabalhando juntos para coletar informações sobre o bem-estar e o paradeiro de King. As perspectivas de uma libertação rápida, contudo, não são claras devido aos canais de comunicação inativos e tensões militares altas entre Washington e Pyongyang.
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O motivo das ações de King é desconhecido. Uma testemunha na mesma excursão disse que até que ouviu um outro soldado americano em patrulha gritando para que alguém tentassem detê-lo, mas o militar cruzou a fronteira em questão de segundos.
King, 23, estava em serviço na Coreia do Sul como batedor de cavalaria na 1ª Divisão Blindada. Após ser condenado pelo crime de agressão na Coreia do Sul, ele pode ser dispensado do serviço militar e enfrentar outras possíveis penalidades.
Em fevereiro, um tribunal de Seul o multou em 5 milhões de wons (R$ 18.800) por agredir uma pessoa não identificada e danificar um veículo da polícia na capital sul-coreana em outubro passado, de acordo com a Associated Press. O americano também foi acusado de socar um homem em uma boate de Seul, embora a vítima tenha retirado a queixa.
Não ficou claro como King passou as horas desde que deixou o aeroporto de Seul na segunda-feira até se juntar à excursão na vila de Panmunjom na terça-feira. O exército americano percebeu que ele estava desaparecido quando não desembarcou do voo no Texas, como esperado.
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A Coreia do Norte já prendeu vários americanos por acusações como espionagem, mas nenhum foi detido desde que a Coreia do Norte expulsou do país o americano Bruce Byron Lowrance, em 2018. Durante a Guerra Fria, um pequeno número de soldados americanos que fugiram para a Coreia do Norte apareceram posteriormente em filmes de propaganda norte-coreanos.
Segundo analistas, é improvável que a Coreia do Norte liberte King, já que ele aparentemente fugiu voluntariamente. Mas muitos detidos civis americanos anteriores foram libertados depois que Washington enviou missões a Pyongyang para garantir sua liberdade.
Os Estados Unidos e a Coreia do Norte, que lutaram durante a Guerra da Coreia de 1950-53, ainda não têm relações diplomáticas. A Suécia forneceu serviços consulares para americanos em casos anteriores, mas a equipe diplomática sueca parou de atuar no país desde que a Coreia do Norte ordenou a saída de estrangeiros no início da pandemia de Covid-19.
“Nós, do Departamento de Estado, nos envolvemos com colegas na Coreia do Sul e na Suécia nesta questão, inclusive aqui em Washington”, disse Miller.
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Jeon Ha-kyu, porta-voz do Ministério da Defesa da Coreia do Sul, disse na quinta-feira que seu ministério está compartilhando informações relacionadas com o comando das Nações Unidas liderado pelos Estados Unidos na Coreia do Sul, sem dar mais detalhes.
Atualmente, não há canais de comunicação ativos entre a Coreia do Norte e os Estados Unidos ou a Coreia do Sul.
Pyongyang tem intensificado suas críticas a Washington por causa de um reforço ao seu compromisso de segurança com Seul. No início desta semana, militares americanos implantaram um submarino com armas nucleares na Coreia do Sul pela primeira vez em quatro décadas. Posteriormente, a Coreia do Norte testou dois mísseis com alcance para atingir o porto sul-coreano onde o submarino americano atracou.
Os membros da família de King disseram que o soldado pode ter se sentido sobrecarregado por seus problemas judiciais e possível dispensa do exército. Segundo eles, o homem era solitário e quieto, não bebia nem fumava, e gostava de ler a Bíblia.