O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Coreia do Norte disse nesta sexta-feira que a morte do estudante americano Otto Warmbier, pouco depois de sua volta para casa, é um mistério. O país do ditador Kim Jong-un também rejeitou acusações de que ele faleceu por ter sido torturado e espancado durante a detenção pelo regime norte-coreano, descritas como “infundadas”.
Em comentários divulgados pela agência de notícias oficial KCNA, o ministério afirmou Warmbier foi “uma vítima da política de paciência estratégica” do ex-presidente americano Barack Obama, cujo governo nunca solicitou sua libertação. “O fato de que Warmbier morreu subitamente menos de uma semana depois de sua volta aos Estados Unidos com indicadores de estado de saúde normal é um mistério para nós também”, disse o porta-voz.
Warmbier, de 22 anos, foi preso no país recluso durante uma visita de turismo. Ele foi condenado a 15 anos de trabalhos forçados por tentar roubar um objeto com um slogan de propaganda de seu hotel, disse a imprensa estatal da Coreia do Norte. O jovem foi levado de volta aos Estados Unidos na semana passada, em coma e com danos cerebrais, que médicos descreveram como um estado de “vigília passiva”. Warmbier morreu na segunda-feira.
Sua morte intensificou o conflito entre Pyongyang e Washington, já agravado pelos lançamentos de mísseis e dois testes nucleares norte-coreanos desde o início do ano passado. O presidente americano, Donald Trump, culpou a “brutalidade do regime norte-coreano” pela morte e seu colega sul-coreano, Moon Jae-in, que defende o diálogo com o vizinho, disse que Pyongyang teve uma “grande responsabilidade” nos acontecimentos que levaram à morte do estudante.
Médicos americanos que viajaram ao país na semana passada para buscar Warmbier reconheceram que a Coreia do Norte “lhe ofereceu tratamento médico e o trouxe de volta à vida quando seu coração quase parou”, disse o porta-voz não-identificado do ministério. “Embora Warmbier fosse um criminoso que cometeu um ato hostil contra a RPDC [República Popular Democrática da Coreia, o nome oficial do país], aceitamos os pedidos reiterados do atual governo dos Estados Unidos e, em consideração à sua má saúde, o enviamos de volta para casa por razões humanitárias”, declarou.
(Com Reuters)