Yu Eui-dong, chefe político do Partido do Poder Popular, que governa a Coreia do Sul, disse nesta sexta-feira, 17, que o governo deve proibir o consumo de carne de cachorro, em meio à crescente conscientização sobre os direitos dos animais.
A tradição coreana de comer cachorro atrai críticas do exterior há tempos, mas a mudança foi capitaneada devido a uma oposição crescente no próprio país, especialmente por parte das gerações mais jovens.
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“É hora de pôr fim aos conflitos sociais e às controvérsias em torno do consumo de carne de cachorro através da promulgação de uma lei especial para acabar com isso”, disse Yu, em uma reunião com autoridades do governo e ativistas dos direitos dos animais.
Uma pesquisa da Gallup Coreia, conduzida no ano passado, revelou que 64% da população se opõe ao consumo de carne de cachorro. Além disso, apenas 8% dos entrevistados haviam comido cães no ano anterior, uma queda significativa, de quase vinte pontos percentuais, em relação a 2015.
Yu acrescentou que o governo e o partido no poder apresentarão um projeto de lei ainda neste ano para impor a proibição, afirmando que, com o esperado apoio bipartidário, o projeto deve ser aprovado no parlamento.
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O Ministro da Agricultura, Chung Hwang-keun, declarou na reunião que o governo implementaria a proibição de forma rápida, ao mesmo tempo que forneceria o máximo apoio possível para os produtores de carne de cachorro.
A primeira-dama sul-coreana, Kim Keon Hee, tem criticado veementemente o consumo de carne de cachorro. Junto com seu marido, o presidente Yoon Suk Yeol, adotou vira-latas de rua.
Outros projetos para proibir o consumo de cachorro, porém, já fracassaram no passado. O lobby de pessoas envolvidas na indústria e a preocupação com a subsistência de agricultores e proprietários de restaurantes foram os principais motivos.
Agora, a nova proposta incluirá um período de carência de três anos e apoio financeiro para as empresas envolvidas no setor deixarem o comércio.
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Comer carne de cachorro é uma prática antiga na península coreana e é vista como uma forma de driblar o calor do verão. No entanto, é muito menos comum hoje na Coreia do Sul, embora algumas pessoas mais velhas ainda sustentem a tradição, e a iguaria seja servida em alguns restaurantes.
De acordo com dados do governo sul-coreano, existem cerca de 1.150 fazendas de criação de cães, 34 matadouros, 219 empresas de distribuição e cerca de 1.600 restaurantes que servem carne de cachorro no país.
Grupos de direitos dos animais comemoraram a perspectiva de uma proibição.
“É um sonho que se tornou realidade”, afirmou a Humane Society International em um comunicado.