Dois meses após o impeachment de Park Geun-hye, os sul-coreanos escolheram o liberal Moon Jae-in como seu novo presidente, segundo boca de urna divulgada na noite desta terça-feira (manhã em Brasília). A pesquisa, conduzida pelas três principais emissoras do país, coloca o candidato do Partido Democrático da Coreia do Sul com 41,4% dos votos, contra 23,3% de seu principal adversário, o conservador Hong Joon-Pyo.
Diferentemente das eleições anteriores, o presidente eleito tomará posse imediatamente depois da declaração oficial de sua vitória, em uma reunião programada ainda para hoje. No total, 13 candidatos (dois dos 15 inicialmente apresentados se retiraram) concorreram nas eleições, mas apenas três tinham chances reais.
Moon, advogado especializado em direitos humanos, perdeu para Park por uma pequena margem de menos de 1 milhão de votos em 2012. Ele critica os dois governos anteriores por não terem conseguido refrear o desenvolvimento de armas da Coreia do Norte.
Em relação ao país vizinho, Moon é moderado e defende uma política de diálogo, mas com a manutenção da pressão e das sanções para incentivar mudanças. Em uma transmissão ao vivo no YouTube na terça-feira, Moon disse que a Coreia do Sul deve ter uma atuação diplomática mais ativa para conter a ameaça nuclear do Norte e não assistir passivamente enquanto os Estados Unidos e a China conversam entre si. Ele também propõe repensar a instalação do sistema anti-mísseis THAAD no território sul-coreano, em parceira com os americanos.
A nação marcada pelo escândalo da “Rasputina sul-coreana”, que tirou Park do poder, confirmou o que se previa em pesquisas anteriores: o conservadorismo foi derrubado também nas urnas. A direita foi especialmente castigada pelo envolvimento da ex-presidente em uma rede de tráfico de influências e extorsão de empresas, junto com a amiga com Choi Soon-sil.
Quem é Moon Jae-in?
Antigo líder estudantil, Moon, agora com 64 anos, teve uma vida feita sob medida para se destacar no papel de oposição na Coreia do Sul. Filho de refugiados norte-coreanos, ele esperou nas filas em Busan, cidade destruída pelas guerras, por farinha de milho e leite em pó dadas pelo governo dos Estados Unidos. Enquanto universitário, nos anos 1970, chegou a ser preso por lutar contra a ditadura militar comandada por Park Chung-hee, pai da ex-presidente.
Mais tarde, Moon se tornou advogado de direitos humanos, foi secretário do último líder liberal sul-coreano e trabalhou pela reconciliação com a Coreia do Norte, uma de suas pautas de campanha. Agora, diz que essa eleição será “o último desafio de sua vida” e quer ser um líder que “abra as portas para uma nova era e uma nova geração”.
Apesar da questão norte-coreana ser a mais observada pelo resto do mundo, o foco de Moon está em nível nacional, com a promessa de reformar o governo e deixar para trás o passado corrupto. O advogado quer combater o desemprego entre jovens e aumentar impostos para os grandes conglomerados familiares da Coreia do Sul.
(Com Reuters, EFE e Estadão Conteúdo)