Coronavírus: EUA querem enviar dinheiro a cidadãos como estímulo econômico
Medida faz parte de um pacote de cerca de US$ 850 bilhões criado para minimizar o impacto econômico da pandemia, que já atingiu mais de 5.000 americanos
O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Steven Mnuchin, anunciou nesta terça-feira, 17, que o governo estuda transferir dinheiro diretamente aos cidadãos americanos como medida para estimular o consumo e conter a queda na economia do país em decorrência da pandemia do novo coronavírus, que já alcançou pelo menos 110 países em cinco continentes — nos Estados Unidos, segundo estimativa do New York Times, há mais de 5.000 enfermos e pelo menos 86 mortos.
“O presidente [Donald Trump] me instruiu a fazer isso agora”, disse Mnuchin — as transferências devem ser realizadas nas próximas duas semanas. Trump não especificou a quantia a ser destinada a cada americano. De acordo com a emissora CBS, os senadores republicanos Tom Cotton e Mitt Romney acreditam que o valor deve ser de cerca de 1.000 dólares (5.000 reais) por adulto.
A medida faz parte de um pacote de 850 bilhões de dólares, que está sendo discutido no Congresso como forma de evitar que a pandemia leve a uma recessão na economia americana. Trump admitiu na segunda-feira 16 a possibilidade de uma recessão (dois trimestres seguidos de queda na economia): “Bem, pode ser”, disse.
De acordo com estimativa do banco Goldman Sachs, a atividade econômica americana deve crescer menos de 1% neste primeiro trimestre de 2020, e cair 5% no segundo.
Como parte do pacote de 850 bilhões de dólares, Mnuchin ainda afirmou que os americanos podem adiar o pagamento de dívidas de até 1 milhão de dólares com Internal Revenue Service (IRS), a Receita Federal americana. As empresas poderão postergar dívidas de até 10 milhões de dólares com o fisco.
A indústria aérea também deve ser beneficiada pelo pacote, com mais de 50 bilhões de dólares. Em termos de impacto econômico do novo coronavírus sobre as companhias de aviação, Mnuchin disse que a situação “é pior que no 11 de setembro”. Trump ainda não descarta a possibilidade de restrição sobre viagens domésticas.
O pacote de estímulo econômico ainda deverá passar pelo Congresso americano, que já aprovou na semana passada uma série de medidas que movimentaram cerca de 8 bilhões de dólares para ajudar no contenção da epidemia. “É possível” que o surto atinja o seu pico nos próximos 45 dias, afirmou o doutor Anthony Fauci, diretor nacional de Alergia e Doenças Infecciosas do Institutos de Saúde Nacional (NIH), um dos órgãos federais na frente do combate ao novo coronavírus.