Além de paralisar indústrias inteiras, como a aviação internacional, o turismo, e o entretenimento, o fechamento da economia provocado pela pandemia do coronavírus produziu outro efeito inusitado: o mercado de cocaína enfrenta um colapso sem precedentes.
Desde março, quando o surto de Covid-19 se intensificou, o preço da folha de coca, principal matéria-prima para a produção da droga, teve queda de 73%. A folha de coca tem perdido valor porque os traficantes não conseguem transportar a droga de países produtores para os principais mercados consumidores, os Estados Unidos e Europa.
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Clique e AssineDe acordo com o Drug Enforcement Administration (o DEA, ou Administração de Fiscalização de Drogas), órgão federal dos Estados
Já na outra ponta da cadeia, onde estão os consumidores, há escassez. O pó que é produzido na América do Sul acaba ficando retido no continente. Como resultado, segundo o DEA, o preço do produto em algumas cidades americanas, como Miami, Atlanta e São Francisco, dobrou desde o início de 2020.
Responsável por movimentar 130 bilhões de dólares em vendas por ano, o sistema de produção de cocaína é globalizado. Por isso, de acordo com o DEA, traficantes sul-americanos que trabalham em laboratórios de produção também não têm conseguido importar outros ingredientes usados no refino do pó. Da Ásia, por exemplo, vem o permanganato de potássio, e da Venezuela traz-se a gasolina.
Os policiais federais do DEA detectaram que há grandes estoques presos na fronteira do México com os Estados Unidos. Eles acreditam que a demora na distribuição da droga deverá ter impacto financeiro mais severo nas em gangues menores.
Para os investigadores, cartéis de grande porte, como o mexicano Sinaloa, teriam capacidade de absorver melhor os prejuízos. O problema é que a fragilização dessas gangues poderia desencadear disputas por territórios, e piorar a violência que tanto assola o México.