Enquanto vários países lutam contra a pandemia do novo coronavírus com medidas de confinamento e restrições aos deslocamentos e às atividades sociais, a Organização das Nações Unidas (ONU) advertiu que quase 3 bilhões de pessoas não contam sequer com as armas básicas de proteção: água potável e sabão. A pandemia infectou até o momento mais de 200.000 pessoas no mundo e matou mais de 9.000 desde que surgiu na China em dezembro.
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) calcula que 40% da população mundial, ou seja, 3 bilhões de pessoas, carece de meios para lavar as mãos em casa por falta de acesso fácil à água potável, por não ter condições de comprar sabão ou simplesmente pela falta de consciência da importância desta prática.
“Inclusive entre os profissionais da área de saúde nem sempre se compreende a importância de lavar as mãos”, afirma Sam Godfrey, diretor do Unicef para água e medidas sanitárias no leste e sul da África, considerada uma das regiões mais afetadas pela escassez de água e sabão.
“É quase como uma doença de ricos para a África, que certamente acabará afetando sobretudo os pobres”, destaca Godfrey, recordando que os primeiros contágios foram importados de viagens internacionais.
Na África Subsaariana, 63% da população de áreas urbanas — 258 milhões de pessoas — não pode lavar as mãos, segundo os dados do Unicef. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) de quarta-feira 18, o continente africano reportou apenas 233 casos — menos que 0,1% dos casos em todo o mundo — e 4 mortes.
Mas, como disse o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom, a OMS duvida que a pandemia esteja sendo bem reportada pelos países africanos. “Provavelmente temos casos não detectados ou não relatados”, denunciou Adhanom.
(Com AFP)