‘Corpos no chão’: Ataque de Israel a café lotado em Gaza deixa ao menos 24 mortos
Entre as vítimas, estavam crianças e idosos, além do fotojornalista palestino Ismail Abu Hatab e da artista Frans al-Salmi

Ao menos 24 pessoas foram mortas em um ataque aéreo israelense a um café na Faixa de Gaza nesta segunda-feira, 30. O Al-Baqa, localizado perto do porto da Cidade de Gaza, estava lotado no momento do bombardeio. Entre as vítimas, estavam crianças e idosos, além do fotojornalista palestino Ismail Abu Hatab e da artista Frans al-Salmi.
“Quando eu estava perto, um míssil atingiu o local. Estilhaços voaram para todos os lados, e o lugar se encheu de fumaça e cheiro de pólvora. Eu não conseguia ver nada. Corri em direção ao café e o encontrei destruído. Entrei e vi corpos no chão. Todos os funcionários do café foram mortos”, contou Abu al-Nour, 60 anos, que havia saído do café para almoçar antes do incidente.
“Havia uma família lá com seus filhos pequenos — por que eles foram escolhidos? Era um lugar onde as pessoas vinham em busca de alívio das pressões da vida”, acrescentou ao jornal britânico The Guardian.

As Forças de Defesa de Israel (FDI) investigam o ataque, mas alegaram que neutralizaram “vários terroristas do Hamas no norte da Faixa de Gaza”. Imagens do café mostram poças de sangue, um buraco profundo e o edifício em destroços. Testemunhas relataram ao The Guardian que viram uma criança morta, um idoso com ambas as pernas amputadas e várias pessoas com ferimentos graves.

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Catástrofe em Gaza
O serviço de saúde de Gaza está em colapso após um ano e oito meses de guerra. Os hospitais que resistiram aos bombardeios israelenses recebem um fluxo intenso de mortos e feridos sem infraestrutura, uma vez que o cerco de Israel ao território palestino impede a entrada de combustíveis, medicamentos e de itens hospitalares essenciais, como bolsas de sangue.
Ao mesmo tempo, a catástrofe humanitária se agrava dia após dia. Em maio, um relatório da da Classificação Integrada de Fases de Segurança Alimentar (IPC) apontou que quase toda a população do enclave está em “risco crítico” de fome e enfrenta “níveis extremos de insegurança alimentar”. No mês passado, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) alertou que a Faixa de Gaza é assolada por uma seca devido ao colapso progressivo dos seus sistemas hídricos.
“Desde que toda a eletricidade para Gaza foi cortada após os terríveis ataques de 7 de outubro de 2023, o combustível se tornou essencial para produzir, tratar e distribuir água para mais de dois milhões de palestinos”, disse o porta-voz da agência, James Elder, na ocasião.
“Se o atual bloqueio de mais de 100 dias ao combustível que entra em Gaza não terminar, as crianças começarão a morrer de sede. As doenças já estão avançando, e o caos está apertando seu controle”, concluiu.