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Corrida de obstáculos: os nós que Milei ainda tem que desatar

As ruas andam lotadas de protestos, mas bons indicadores na economia dão fôlego ao presidente para seguir com suas reformas

Por Ernesto Neves 30 mar 2025, 08h00

O verão mais escaldante em décadas pode ter terminado na Argentina, mas as ruas de Buenos Aires estão em ponto de ebulição. Quem acompanha a sequência de manifestações fica com a impressão de que o governo de Javier Milei é impopular e está sob intensa pressão. De fato, os protestos se acumulam e uma grande parcela da população passa dificuldades em decorrência do profundo corte de gastos e de subsídios posto em prática. No outro prato da balança, porém, Milei acumula trunfos econômicos: inflação em baixa, contas públicas equilibradas e sinais de recuperação do PIB. O teste de fogo virá em outubro, nas eleições legislativas, em que o governo almeja multiplicar a bancada de seu nanico partido, o Liberdade Avança, e dar por encerrado o dispendioso toma lá dá cá a cada votação importante no Congresso.

No mais recente desses embates, Milei conseguiu maioria de 1 voto para aprovar um acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) que nem existe ainda. Uma lei aprovada na gestão Cristina Kirchner exige o aval dos deputados e, por via das dúvidas, o governo tratou de garantir o “sim” por antecipação a uma negociação crucial para a próxima fase dos projetos econômicos. Enquanto o Congresso votava, o protesto semanal dos aposentados, que já faz parte da rotina da capital, era engrossado por integrantes das torcidas organizadas de futebol e reprimido pela polícia em uma batalha campal com centenas de presos e feridos. Dias depois, milhares tomaram conta do Centro pelo Dia da Memória, que lembra os 49 anos do início da ditadura militar (1976-1983) e homenageia as 30 000 vítimas do regime, proferindo gritos indignados contra a comparação de Milei das ações da guerrilha de esquerda com crimes contra a humanidade. Na trajetória de insatisfação, até uma foto do presidente com chifres demoníacos foi projetada no festival Lollapalooza, em Buenos Aires.

Apesar das mostras de impaciência, Milei mantém sua aprovação em torno de 45% graças aos índices econômicos positivos. O principal é a inflação, que em fevereiro ficou em 2,4%, ou 67% ao ano, a taxa mais baixa desde 2020. Com menos remarcações nas gôndolas, as vendas nos supermercados aumentaram 4% em janeiro. Em paralelo, o Instituto Nacional de Estatística e Censos (Indec) anunciou que os dois últimos trimestres de 2024 registraram crescimento do PIB, que fechou o ano passado com queda de 1,7%, muito mais suave do que os 3,5% projetados pelo FMI. Cereja do bolo ultralibertário, em fevereiro houve superávit primário de 1,1 bilhão de dólares, o 13º mês seguido de contas no azul.

INSATISFAÇÃO - Torcedores se unem a aposentados: batalha campal
INSATISFAÇÃO - Torcedores se unem a aposentados: batalha campal (Juan Mabromata/AFP)

Os indicadores impulsionam a projeção da Casa Rosada de que o pior do chamado Plano Motosserra ficou para trás, uma expectativa otimista diante dos vários nós ainda por desatar. Após uma forte desvalorização no início do mandato, Milei permitiu que o peso caísse apenas 2% ao mês ao longo do ano passado, o que levou a uma valorização de quase 50%. “Essa subida reduziu a pressão inflacionária. Mas a história da América Latina mostra que a estratégia é insustentável a longo prazo”, avisa José Roberto Mendonça de Barros, economista da MB Associados.

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Com o peso artificialmente alto, multidões de turistas foram passar férias nos países vizinhos e os argentinos começaram a importar todo tipo de produto. Resultado: balança comercial no vermelho desde junho, um problema explosivo, já que a Argentina sofre com uma falta crônica de reservas cambiais. Neste cenário, a Casa Rosada anda apelando até para o muy amigo Donald Trump, no sentido de um empurrãozinho para liberar o novo empréstimo do FMI. Sem ele, o pior, para infelicidade dos argentinos, ainda não passou.

Publicado em VEJA de 28 de março de 2025, edição nº 2937

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