Cortes de Trump enfraquecem combate ao tráfico de drogas que saem do México para os EUA
Iniciativa financiava treinamentos e equipamentos para fiscalizar cargas no Porto de Manzanillo, um dos mais agitados do território mexicano, diz agência

O congelamento de ajuda externa dos Estados Unidos, ordenado pelo presidente Donald Trump em 20 de janeiro, paralisou o funcionamento de um programa das Nações Unidas no México que visava bloquear a entrada de produtos químicos usados no fentanil, informou a agência de notícias Reuters nesta segunda-feira 24. A iniciativa financiava treinamentos e equipamentos para fiscalizar cargas no Porto de Manzanillo, um dos mais agitados do México, de forma a impossibilitar que cartéis tivessem acesso aos componentes para fabricação da droga, levada em grande parte para os EUA.
O Programa de Controle de Contêineres, do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime, em parceria com a Organização Mundial das Alfândegas, era fornecido à Marinha do México e tinha como objetivo melhorar a triagem dos contêineres. O projeto foi lançado em 2023, no Porto de Manzanillo, por meio de um financiamento de 800.000 dólares do governo dos EUA. Dois portos seriam adicionados à lista neste mês, mas o processo foi interrompido após os cortes de Trump, disseram fontes familiarizadas com o tema à Reuters.
O Porto de Manzanillo é a porta de entrada de componentes químicos chineses no México, que abastecem laboratórios ilícitos para a fabricação de opioides sintéticos e metanfetamina. Além disso, drogas de rua são escondidas em navios de carga de saída, sendo também a Europa um dos seus destinos principais. Segundo as fontes, antes da ordem de Trump, estava previsto o envio de scanners de carga adicionais e equipamentos de teste de drogas a Manzanillo.
A decisão do presidente dos EUA, que se estende por 90 dias, também impediu o treinamento de autoridades mexicanas para encontrar e desmantelar laboratórios clandestinos, bem como interrompeu doações de cães farejadores de drogas para o México, de acordo com informações da agência. Em meio a críticas, Trump retomou o financiamento de alguns programas de segurança, incluindo o envio de 7,8 milhões de dólares a programas do Bureau of International Narcotics and Law Enforcement Affairs (INL) do Departamento de Estado para combater o tráfico de fentanil no México.
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Elevado número de mortes
Mas cerca de 50 milhões de dólares do INL para o México e o Programa de Controle de Contêineres continuam congelados, acrescentaram as fontes. O funcionário do Departamento de Estado afirmou à Reuters que mais programas estão sob revisão para isenções, sem dar detalhes. Mais de 450.000 americanos morreram de overdose de opioides sintéticos na última década, vítimas de um esquema de contrabando que envolve China, México e América do Norte, mostrou um estudo anterior conduzido pela agência.
Entre as principais prioridades do atual governo dos EUA, segundo Trump, está encerrar a epidemia de overdose no país. Como parte desse esforço, o republicano adicionou os cartéis mexicanos de Sinaloa e Jalisco New Generation, principais produtores de fentanil ilícito, à lista de organizações consideradas terroristas pelos Estados Unidos.