O Chile anunciou nesta quarta-feira, 13, que fará um lockdown, ou bloqueio total, da grande Santiago para conter a propagação do coronavírus. Após alguns dias de casos controlados, a capital chilena experienciou um ressurgimento acentuado de contaminações, com aumento de 60% em apenas 24h.
O ministro da Saúde, Jaime Manalich, disse que essa “medida extraordinária e difícil” entrará em vigor na sexta-feira, 15, para reduzir a taxa de contágio. Ele também anunciou uma quarentena nacional para todas as pessoas com mais de 75 anos.
“A batalha por Santiago é a batalha crucial na guerra contra o coronavírus”, disse Manalich.
Santiago tem uma população de aproximadamente 6,5 milhões de pessoas. A quarentena total lá e nas cidades vizinhas ocorre em meio ao ressurgimento de casos nas áreas mais ricas do leste da cidade, onde o vírus foi identificado pela primeira vez entre as pessoas que retornavam de viagens à Itália e à Ásia.
Os novos casos haviam se estabilizado em cerca de 500 por dia no final de abril. As autoridades já haviam indicado que o país teria ultrapassado o pico de contágio, podendo regressar gradualmente à normalidade. Mas desde o início de maio os novos casos diários estão acima de 1.000.
“O mês de maio está se mostrando muito difícil para o nosso país”, afirmou Manalich, após 2.660 novos casos do vírus e 12 mortos terem sido registrados no país em um único dia. Este é o maior pico em novos casos diários desde que o primeiro contágio foi detectado no país, em 3 de março.
O ministro pediu aos cidadãos por união e para tomarem as restrições a sério. Os chilenos devem denunciar pessoas que saiam às ruas sem máscaras ou desrespeitem as regras de distanciamento social.
Até agora, houve 34.381 infecções e 347 óbitos no Chile, o que torna o país o quarto mais atingido pela Covid-19 na América Latina, depois apenas do Peru, Panamá e Equador, segundo o critério de casos por 100.000 habitantes. Dos casos confirmados, 14.865 vítimas da Covid-19, doença causada pelo coronavírus, se recuperaram. Cerca de 313.750 pessoas foram testadas dentre a população de 18 milhões.
Questionado sobre as alegações de que alguns hospitais públicos estavam perto do colapso – segundo especialistas, o sistema de saúde atingiu 85% de sua capacidade –, o ministro da Saúde insistiu que os pacientes e os recursos médicos já foram transferidos para evitar sobrecargas em várias unidades.
“Não precisamos ter medo de um colapso se as restrições forem respeitadas”, disse Manalich. “Precisamos do comprometimento de todos os cidadãos para entender o que está em jogo e respeitar todas as medidas, para que não enfrentemos um colapso no sistema de saúde devido a um aumento vertiginoso de casos”.
Ao contrário de outros países da América do Sul com menos casos, como Argentina e Paraguai, o governo chileno rejeitou desde o início o decreto de confinamento nacional e o fechamento completo da economia e optou por “quarentenas seletivas e estratégicas”, com restrições impostas de acordo com novas infecções.
É a primeira vez desde o início da pandemia no Chile que a chamada “Grande Santiago”, composta por 32 comunas (bairros), entra em quarentena ao mesmo tempo. O Chile está em estado de emergência, com toque de recolher a partir das 22:00 (hora local), desde meados de março, com escolas, universidades e fronteiras fechadas, assim como a maioria das empresas não-básicas.
(Com EFE e Reuters)