Covid-19: China pede para população não ver parentes no feriado
Explosão de casos de coronavírus após reabertura pode levar a 1 milhão de mortes até o final do ano, gerando preocupação com o movimentado Ano Novo Chinês
As autoridades de saúde da China pediram à população, nesta quinta-feira, 12, para não viajar para visitar parentes idosos durante o feriado do Ano Novo Chinês, à medida em que a Covid-19 se espalha por regiões rurais, onde sistemas de saúde e cobertura vacinal são mais vulneráveis.
O período de férias começa no dia 21 de janeiro e coincide com a atual onda de infecções. Agentes da saúde contam que, nesta semana, o pico de infecções havia sido superado em várias grandes províncias e cidades, incluindo Pequim e Xangai.
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O surto na China foi agravado pelas baixas taxas de vacinação entre os idosos e pelos recursos de saúde mais limitados fora das grandes cidades. De acordo com autoridades chinesas, pessoas acima de 60 anos ficam mais vulneráveis em áreas rurais, já que têm maior probabilidade de não serem imunizados.
Outro fator que dificultou a situação foram as negociações prolongadas do governo com empresas farmacêuticas, que tornou o acesso a medicamentos antivirais mais complicado que o normal.
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O membro da equipe de prevenção de pandemia do conselho estadual, Guo Jianwen, pediu que a população não volte para casa no Ano Novo Chinês para visitar parentes idosos, caso eles ainda não tenham sido infectados.
“Você tem todos os tipos de maneiras de mostrar que se importa com eles, não precisa necessariamente trazer o vírus para a casa deles”, disse Guo nesta quinta-feira.
Além disso, autoridades regionais receberam ordens de garantir o fornecimento de medicamentos e insumos para tratamento contra a COvid-19 por pelo menos duas semanas. O jornal Global Times afirmou que a população chinesa foi aconselhada a organizar equipes de motoristas para transportar pacientes “quando as ambulâncias de instituições médicas não puderem chegar a tempo”.
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Segundo dados do governo, menos de 40 pessoas morreram de Covid no último mês na China. Mas análises externas sugerem que o número real é muito maior, com previsões de até 1 milhão de mortes até o final do ano.
O governo chinês parou de publicar a maioria dos dados de infecção desde o início do surto atual e a definição de uma morte por Covid-19 é extremamente limitada – só fica registrada se o paciente morreu de insuficiência respiratória. A Organização Mundial da Saúde (OMS) criticou, na semana passada, a nova definição, afirmando que subestima o verdadeiro impacto das infecções.
Especialistas da área da saúde criticaram a gestão do vírus pela China depois de encerrar a chamada política de “Covid Zero” no mês passado, que manteve, por três anos, obrigatoriedade de testes em massa, quarentenas draconianas e limitação da circulação de pessoas. Por isso, o país nunca se preparou para um aumento acentuado de casos. Hospitais e crematórios nas grandes cidades ficaram rapidamente sobrecarregados, com relatos generalizados de escassez de médicos e remédios.