Cresce mercado ilegal de sangue no Paquistão durante pandemia
Pacientes curados de Covid-19 vendem o sangue com anticorpos por mais de 17.000 reais por transfusão a recém-infectados
Com o sistema de saúde a um passo de colapsar, os pacientes contaminados com o coronavírus no Paquistão estão recorrendo ao mercado ilegal de plasma sanguíneo. Os valores podem chegar a 17.000 reais por transfusão, segundo reportagem publicada nesta terça-feira, 23, pelo jornal britânico The Guardian.
O tratamento consiste na transfusão de plasma sanguíneo de pessoas recuperadas da Covid-19 para novos pacientes, uma vez que a pessoa curada criou os chamados “anticorpos neutralizantes”. Espera-se que com a transfusão torne mais fácil o combate ao vírus. Estudos realizados nos Estados Unidos, China, Reino Unido e França indicam que a estratégia pode ser eficaz no tratamento de pacientes na fase aguda.
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Clique e AssineSegundo o jornal, os médicos em hospitais públicos em Islamabade, capital do país, presenciaram transações entre pacientes e intermediários. “Os hospitais não estão envolvidos, mas eu vi diversas negociações na minha frente”, disse um médico que não quis se identificar ao Guardian.
Fontes do governo falaram que estão cientes do que ocorre, mas que é responsabilidade da polícia investigar os casos.
O Paquistão é um dos países com uma das taxas de infecções mais altas no mundo. Atualmente, conta com mais de 5.000 casos diários e, ao todo, 185.034 pessoas infectadas. Segundo o ministro do Planejamento, Asad Umar, o país prevê que esse número pode aumentar em oito vezes até o fim de julho, chegando a um total de 1,2 milhões de doentes.
O governo paquistanês impôs medidas de confinamento e quarentena no país, mas no dia 18 de maio a Suprema Corte disse que o vírus “não era uma pandemia no Paquistão” e questionou o porquê a luta para se combater o vírus “engole tanto dinheiro”. Com isso, as restrições foram retiradas.