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Crianças foram esterilizadas sob lei de eugenia no Japão, revela relatório

Entre 1948 e 1996, cerca de 16.500 pessoas foram operadas sem consentimento. Agora, as vítimas demandam indenizações

Por Da Redação
Atualizado em 22 jun 2023, 13h41 - Publicado em 22 jun 2023, 09h09
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  • HIROSHIMA, JAPAN - AUGUST 05: A little child prays in front of a cenotaph for the victims of the world's first atomic bombing, on which it is written 'May all souls here rest in peace because we will not repeat that' in Hiroshima, Japan, on August 05, 2022. Japan prepares for the ceremony in Peace Memorial Park to commemorate the 77th anniversary of the atomic bomb tragedy in Hiroshima. During World War II, on August 6, 1945, the first atomic bomb in the world history was dropped on Hiroshima by the USA, which caused the instant death of an estimated 70,000 people and the death of thousands from the effects of radiation in the following years. (Photo by David MAREUIL/Anadolu Agency via Getty Images)
    As vítimas do programa de esterilização no Japão fazem campanha há décadas em busca de indenização financeira e reconhecimento pela angústia física e mental que sofreram - 5/8/2022  (David Mareuil/Getty Images)

    Um novo relatório do governo do Japão revelou, nesta quinta-feira, 22, que crianças de até 9 anos de idade estavam entre milhares de pessoas que foram esterilizadas à força sob uma lei de eugenia, que não foi revogada até a década de 1990.

    O documento de 1.400 páginas, apresentado ao parlamento, detalha como, entre 1948 e 1996, cerca de 16.500 pessoas foram operadas sem o seu consentimento devido à lei, que visava “impedir o nascimento de descendentes de má qualidade”. A maioria das vítimas eram mulheres.

    Outras 8 mil pessoas deram seu consentimento – quase certamente sob pressão – enquanto quase 60 mil mulheres realizaram abortos por causa de doenças hereditárias.

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    Segundo o relatório, duas crianças de 9 anos foram esterilizadas no mesmo programa, um menino e uma menina.

    Uma longa campanha das vítimas por indenizações destacou os maus-tratos do estado japonês às pessoas com deficiências e doenças crônicas no período após a II Guerra Mundial.

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    Em 2019, parlamentares aprovaram uma lei oferecendo a cada vítima uma compensação do governo de pouco mais de R$ 100 mil – uma quantia que os ativistas disseram não refletir o sofrimento das vítimas. O prazo de inscrição para o pagamento expira em abril de 2024, mas até o momento apenas 1.049 receberam a quantia, segundo a mídia local.

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    As vítimas do programa de esterilização fazem campanha há décadas em busca de reparação financeira e reconhecimento devido a angústia física e mental. Até agora, quatro tribunais atenderam às demandas, mas outros ficaram do lado do governo, dizendo que o estatuto de limitações de 20 anos havia expirado. Já os advogados argumentam que as vítimas descobriram a natureza de sua cirurgia tarde demais para cumprir o prazo.

    No início deste mês, um tribunal superior rejeitou os pedidos de indenização de duas mulheres, incluindo Junko Iizuka (um pseudônimo), que tinha 16 anos quando foi levada a uma clínica no nordeste do Japão e forçada a fazer uma operação misteriosa que, ela descobriu mais tarde, a impediria de ter filhos.

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    “A cirurgia eugênica me privou de todos os meus sonhos modestos de um casamento e filhos felizes”, disse Iizuka, agora com 77 anos, a repórteres nesta semana.

    Após a publicação do relatório, o secretário-chefe do gabinete, Hirokazu Matsuno, disse que o governo “reflete sinceramente e se desculpa profundamente” pela “dor tremenda” que as vítimas sofreram com a esterilização forçada.

    O relatório observou que a esterilização sob a extinta lei de eugenia – que permitia às autoridades realizar o procedimento em pessoas com deficiências intelectuais, doenças mentais ou distúrbios hereditários para evitar o nascimento de herdeiros “inferiores” – era um pré-requisito para que pessoas pudessem acessar o sistema de saúde, ou até se casar.

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    Segundo a agência de notícias Kyodo, Koji Niisato, um advogado que representa as vítimas, elogiou o relatório rigoroso, mas disse que o documento ainda deixou questões importantes sem resposta.

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    “O relatório não revelou por que a lei foi criada, por que demorou 48 anos para alterá-la ou por que as vítimas nunca foram indenizadas”, disse Niisato.

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