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Crianças imigrantes foram alvo de abusos sexuais em abrigos nos EUA

Desde 2015 foram registradas quase 5.000 denúncias; democratas culpam política contra imigração de Donald Trump pelo aumento nos casos

Por Da Redação
Atualizado em 11 mar 2021, 22h13 - Publicado em 27 fev 2019, 17h45

Foram registradas quase 5.000 denúncias de assédio e abuso sexual contra crianças imigrantes que estavam sob a custódia do governo dos Estados Unidos nos últimos quatro anos. Segundo os documentos do Departamento de Saúde e Serviços Humanos (HHS), órgão federal responsável pelos abrigos, funcionários estupraram, fizeram carícias íntimas forçadas e exibiram vídeos pornográficos aos menores. 

O dossiê do HHS, divulgado na terça-feira 26 pelo gabinete do deputado democrata Ted Deutch, inclui dados registrados desde outubro de 2015, durante a administração do ex-presidente Barack Obama. A maior parte dos casos, contudo, se concentra durante o mandato de Donald Trump.

Em uma sessão do comitê judiciário da Câmara, Deutch comentou as revelações e atribuiu o número alto de abusos à hostilidade da política “zero tolerância” aplicada pelo governo atual no ano passado contra os imigrantes, principalmente os que entram ilegalmente por meio de caravanas na fronteira com o México.

A política de Trump, vista como uma forma de desencorajar a imigração para os Estados Unidos, resultou em quase 3.000 crianças sendo separadas à força de suas famílias. A medida foi suspensa após dois meses em função das críticas, mas segundo denúncias a separação de pais e filhos continua. 

“Estes documentos nos mostram que existe um problema com adultos, funcionários do HHS, abusando sexualmente de crianças”, declarou Deutch.

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Em 2018, foram registradas 1.261 denúncias de abuso sexual, um aumento de 192 casos em comparação com 2017. A maioria diz respeito a assédios cometidos por outros menores – os abrigos recebem desde bebês até adolescentes.

Contudo, 178 queixas são reclamações contra a equipe dos abrigos. O número de casos incluindo funcionários aumentou ao longo do ano passado, com 12 casos registrados em julho em comparação com quatro em fevereiro.

“Os números mostram que os funcionários do HHS cometem em média um assédio por semana”, detalhou o democrata. A informação foi contestada por Jonathan White, uma testemunha que inspecionou as sedes de detenção do HHS.

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Ele questionou se os funcionários envolvidos nas denúncias eram contratados do Departamento ou parte de empresas terceirizadas. Segundo o jornal The Guardian, White também destacou que os assédios sexuais reportados devem ser completamente investigados.

As denúncias consideradas legítimas são enviadas ao Departamento de Justiça e culminam em um processo. Até agora, o órgão recebeu apenas 29% dos 4.556 relatos inicialmente registrados, de acordo com os dados liberados pelo gabinete de Deutch.

Milhares de crianças migrantes estão sob tutela do HHS e a maioria delas cruzou as fronteiras americanas sozinha. Mas desde agosto de 2017, com a chegada de grandes caravanas e sob forte repressão de Trump, o número de menores deliberadamente separados de seus pais saltou para 3,6%.

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Depois de serem presos pelas guardas de fronteira dos Estados Unidos, os pequenos migrantes são enviados aos abrigos particulares contratados pelo governo americano.

Autoridades do HHS alegam que as informações não têm embasamento legal e defendem que cuidam bem das crianças sob sua tutela, apesar dos dados apresentados no dossiê.

O escândalo, contudo, não é o primeiro a jogar dúvidas sobre o tratamento oferecido aos menores imigrantes. Em dezembro do ano passado, duas crianças guatemaltecas morreram sob custódia do governo em circunstâncias desconhecidas.

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