Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana

Cristina Kirchner cada vez mais perto do banco dos réus

Ex-presidente argentina responderá por esquema de proteção a iranianos acusados de explodir a associação judaica Amia, em 1994, e por outras duas acusações

Por Luciana Rosa, de Buenos Aires
Atualizado em 27 abr 2018, 07h30 - Publicado em 27 abr 2018, 07h30

 

 

Mesmo com foro privilegiado e ilesa da prisão preventiva que atingiu seus aliados, a ex-presidente argentina poderá ser julgada por obstrução de Justiça em 2019.

O futuro da atual senadora Cristina Fernández de Kirchner promete não ser nada fácil nem previsível. Desde o final de 2017, o “espectro” do procurador público Alberto Nisman vem assombrando a vida jurídica da ex-presidente da Argentina e paira sobre ela a ameaça de chegar ao banco dos réus.

Em dezembro, o juiz Claudio Bonadio reabriu uma grave denúncia contra Cristina que Nisman apresentaria em 19 de janeiro de 2015. Nisman antecipou dias antes que a ex-presidente montara um esquema criminoso para proteger os responsáveis pelo atentado na sede da Associação Mutual Israelita Argentina (Amia), em 1994. A explosão vitimou 85 pessoas.

Na véspera da entrega da denúncia, Nisman foi encontrado morto, com um tiro na cabeça, no banheiro de seu apartamento em Puerto Madero, em Buenos Aires.

A reabertura do caso por Bonadio incluiu a prisão preventiva dos acusados de crime de obstrução à Justiça no processo sobre o atentado contra a Amia, entre os quais Cristina. A Câmara Federal argentina, no entanto, não aprovou a prisão da ex-presidente.

Bonadio ainda acrescentou no processo contra a acusação de Cristina por traição à Pátria. Mas a acusação foi eliminada, com base no entendimento de que a Argentina precisaria estar em guerra com o Irã para que um crime de traição fosse cometido. A Câmara Federal aceitou apenas o indiciamento de Cristina pelos delitos de acobertamento e obstrução da Justiça.

O juíz Bonadio conseguiu efetivar as prisões de Cláudio Zanini, candidato à vice-presidência em 2015 pelo partido de Cristina, do sindicalista Luis D’Elia e do ex-chanceler Héctor Timerman.  Zanini e D’Elia ficaram detidos por pouco mais de três meses no presídio de Ezeiza. Timerman cumpriu prisão domiciliar devido a sua saúde frágil. Todos foram soltos em março para aguardar o julgamento em liberdade.

A denúncia preparada por Nisman dizia ter sido arquitetado um plano criminoso para ajudar os responsáveis pelo atentado à Amia a permanecerem impunes. Segundo o documento, o plano incluiu a assinatura de um memorando de entendimento entre a Argentina e o Irã, país do qual provinham os principais suspeitos de cometer o crime.

O memorando fora assinado durante o segundo mandato de Cristina, em 2013. O acordo com o Irã permitiria a suspensão dos alertas vermelhos para a Interpol prender os suspeitos.

No parecer de Nisman, o acordo atrasou ou suspendeu as restrições de liberdade dos acusados. Também permitiu a criação de uma “Comissão da Verdade”, cujo objetivo explícito seria inocentar os iranianos por meio da fabricação de novas hipóteses sobre o atentado de 1994.

Dólar Futuro

Cristina deve enfrentar os tribunais pelo menos duas vezes em 2019: por administração fraudulenta em prejuízo público na compra e venda de dólar, o escândalo “Dólar Futuro“, e por desvio de verbas de uma obra pública na província de Santa Cruz em favor de empresas de um ex-funcionário de seu governo, Lázaro Báez.

Sua prisão, porém, parece pouco provável. Apesar de haver outras cinco denúncias contra a ex-presidente, autoridades do atual governo duvidam que ela perca o foro privilegiado ou seu mandato no Senado.

“Não me consta que os argumentos para a prisão preventiva estejam de acordo”, afirmou Waldo Wolff, deputado governista e ex-vice-presidente da DAIA, associação judaica que atua em conjunto com a Amia.

Logo depois de Bonadio ter emitido seu pedido de prisão preventiva, Wolff declarou que não votaria pelo fim do foro privilegiado da senadora. O presidente Maurício Macri, ferrenho opositor de sua antecessora, pediu prudência quanto à decisão.

Para o analista político Leandro Morgenfeld, Cristina na cadeia poderia trazer mais problemas que soluções para o atual governo. Apesar de ter perdido parte de sua popularidade e de seu partido não ter alcançado o desempenho esperado nas eleições legislativas, no final de 2017, ela continua a ser uma das maiores forças da oposição.

“Paradoxalmente, especula-se que Cristina Kirchner em liberdade represente um obstáculo para a unidade do peronismo, e isso pode favorecer a reeleição de Macri. A justiça argentina é muito permeável às pressões políticas”, avalia Morgenfeld.

“O governo atua em favor da prisão de kirchneristas. Mas, por enquanto, prefere deixar Cristina livre para evitar uma convulsão social “.

 

 

 

 

 

 

Publicidade

Imagem do bloco

4 Colunas 2 Conteúdo para assinantes

Vejinhas Conteúdo para assinantes

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

a partir de 39,96/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.