A Justiça da Argentina ampliou nesta quinta-feira 6 as acusações contra Cristina Kirchner, ex-presidente e atual senadora, no caso que ficou conhecido como Cadernos das Propinas, no qual ela e integrantes de seu governo são investigados por receber dinheiro de empresários do país.
O juiz Claudio Bonadio, responsável pela maior parte dos processos por corrupção contra a ex-presidente, também decidiu reforçar as denúncias de mais de 100 acusados no caso.
Na decisão mais recente, o magistrado acusa Cristina de corrupção passiva em mais de 1.000 ocasiões, a maior parte dela como coautora. Ela também foi incriminada por ter recebido presentes indevidos em outras duas oportunidades.
Bonadio voltou a pedir a prisão da ex-presidente, que tem imunidade por ser senadora.
O juiz enviou ao Senado uma nova solicitação para que os colegas de Cristina retirem os privilégios parlamentares da ex-presidente, mas é pouco provável que isso ocorra, já que o peronismo domina a casa.
Entre outros investigados que tiveram suas acusações ampliadas por Bonadio estão Julio de Vido, ex-ministro de Planejamento Federal, que já está preso, e o empresário Ángelo Calcaterra, primo do atual presidente do país, Mauricio Macri.
Macri, que recebeu o presidente Jair Bolsonaro nesta quinta-feira, já reconheceu publicamente que seu pai, o empresário Francisco Macri, morto em março deste ano, também pagava propina a integrantes dos governos de Cristina e Néstor Kirchner em troca de favorecimentos em contratos de obras públicas.
“Esse caso mostra uma máquina de corrupção que, em nível nacional, se instalou desde o começo da presidência de Néstor Kirchner, permanecendo na nossa Argentina durante 12 anos”, disse o juiz na decisão divulgada nesta quinta-feira.
Candidata à vice-presidência da Argentina na chapa de Alberto Fernández, Cristina se sentou pela primeira vez no banco dos réus no último dia 21 de maio, respondendo a outra acusação por corrupção no mesmo caso de pagamento de propina.
O julgamento deve se prolongar durante um ano, com depoimentos de cerca de 160 testemunhas e audiências em todas as segundas-feiras. As acusações contra ela podem lhe render uma pena de até 10 anos de prisão, caso sua imunidade seja anulada.
A ex-presidente afirma que todas as denúncias são mentirosas e que é vítima de uma perseguição política e judicial.
Com a decisão de hoje, tomada após ouvir novos depoimentos e coletar mais provas, Bonadio garante que é possível afirmar que “estão investigados, expostos e resolvidos o nó e a matriz da corrupção desenvolvida” no kirchnerismo.
“Parte das manobras pelas quais quiseram ocultar o produzido ilícito desses bens também está investigada e em vários desses casos essas investigações estão elevadas a julgamento oral e público”, ressaltou o juiz.
(Com EFE)