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Cúpula das Américas: pacto de migração dos EUA é ofuscado por boicotes

Ausência dos líderes do México, Guatemala, Honduras e El Salvador, fundamentais para resolução da questão, levanta dúvidas sobre eficácia de planos

Por Da Redação 10 jun 2022, 11h30

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, propôs a outros líderes do continente americano um pacto para controlar a imigração ilegal, durante a IX Cúpula das Américas, que se encerra nesta sexta-feira, 10. Restringir a migração irregular é uma prioridade para o democrata, em um momento em que um número recorde de pessoas tenta entrar no país pela fronteira com o México.

Apelidado de “Declaração de Los Angeles” e descrito por Biden como “inovador”, o plano lança uma “nova abordagem” à questão da imigração, na qual todas as nações do continente são incentivadas a assumir responsabilidade sobre o assunto.

+ A mudança de rota de Biden na política de imigração dos EUA

“A imigração segura e ordenada é boa para as nossas economias, inclusive a dos Estados Unidos, onde pode ser um catalisador para o crescimento sustentável. Mas a imigração ilegal é inaceitável”, declarou o presidente no encontro internacional.

Como parte do pacto, a vice-presidente norte-americana, Kamala Harris, anunciou na terça-feira, 7, um investimento de 1,9 bilhão de dólares como incentivo à criação de empregos na América Central e diminuir o êxodo migratório para os Estados Unidos.

A medida pretende “dar esperança ao povo da região para construir vidas prósperas e seguras nos seus países”, detalhou a Casa Branca em comunicado.

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A proposta inclui o compromisso de países do continente com ações que fortaleçam os sistemas de proteção para migrantes e ampliem seu acesso a vias legais. O documento, cuja versão final está programada para ser apresentada por Biden e outros líderes nesta sexta-feira, também descreve promessas de trabalhar para aumentar a cooperação regional de aplicação da lei, compartilhamento de informações e regimes de vistos e melhorar as oportunidades de emprego temporário. 

No entanto, o anúncio do pacto foi ofuscado pelo protesto do presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, que faltou à reunião devido à decisão dos Estados Unidos de excluir Cuba, Venezuela e Nicarágua do evento.

Na sessão de abertura da cúpula na quinta-feira, 9, líderes da Argentina e Belize subiram ao palanque para repreender Biden pela lista de convidados, ressaltando o desafio que a superpotência global enfrenta para restaurar sua influência entre seus vizinhos mais pobres.

A ausência dos líderes do México, Guatemala, Honduras e El Salvador, fundamentais para a resolução da questão migratória, levantou dúvidas sobre a eficácia das promessas propostas se tornarem realidade, embora autoridades dos EUA tenham dito que a participação não impediria Washington de obter resultados.

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+ EUA têm trabalho para convencer vizinhos a não esnobar Cúpula das Américas

A questão da migração, assim como a própria Cúpula das Américas, também teve que competir com outros desafios de Biden dentro de seu país e no exterior, como o aumento da inflação, o debate sobre o controle de armas após mais tiroteios em massa e a guerra na Ucrânia.

Apesar dos esforços, a imigração ilegal parece estar longe de uma solução. Em 2021, cerca de 1,6 milhão de pessoas tentaram atravessar a fronteira dos Estados Unidos sem nenhuma documentação, tornando-se um ponto de vulnerabilidade para o partido democrata de Biden, que precisa de bons resultados eleições legislativas em novembro.

Líderes republicanos dizem que, por uma postura “mais aberta”, Biden é o culpado pela nova onda de migrantes que está aparecendo na fronteira EUA-México, criando uma situação de crise que ameaça a segurança nacional.

As fortes críticas ao modo como o governo Biden lida com a onda imigratória cresceram sobretudo após o deputado democrata Henry Cuellar divulgar uma série de fotos de um centro de detenção lotado que abrigava crianças migrantes.

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