O presidente do Governo Regional do Curdistão, Masoud Barzani, seguiu com seus planos e os curdos do Iraque foram às urnas participar do referendo sobre a independência da região. A votação histórica, que não tem valor legal, é condenada pela comunidade internacional .
Mais de três milhões de pessoas, segundo a comissão responsável pela supervisão do pleito, devem votar nas quatro províncias que compõem o Curdistão iraquiano. Os números ganham a adição dos moradores convocados nos territórios sob o controle curdo desde o combate contra o grupo Estados Islâmico (EI), mas disputados pelos governos de Erbil e Bagdá, como Kirkuk, cidade rica em petróleo onde vivem curdos, árabes e outras minorias.
Os primeiros resultados do referendo são esperados para até terça-feira e os números finais da votação devem ser divulgados ainda nesta semana. A vitória do ‘sim’, como é esperado, não significa a independência automática da região do resto do Iraque. Segundo as lideranças curdas, o objetivo do referendo é pressionar o governo iraquiano a negociar as condições de independência do Curdistão iraquiano.
No domingo, o primeiro ministro iraquiano, Haider al-Abadi, voltou a afirmar, em comunicado televisionado, que o referendo é “inconstitucional” e reforçou que Bagdá “irá tomar medidas para resguardar a união do país e proteger todos os iraquianos”. O premiê clamou para que os países estrangeiros deixem de importar petróleo diretamente do Curdistão.
Retaliações
Nesta segunda-feira, o primeiro-ministro da Turquia, Bilani Yildirim, anunciou que Ancara irá impor sanções ao Curdistão iraquiano em coordenação com Bagdá, mas sem especificar quais medidas serão tomadas. Já o presidente turco, Recep Erdogan, foi mais duro em suas declarações e sugeriu que poderá interromper o fluxo de petróleo curdo, que passa em sua quase totalidade por oleodutos instalados no país. “Nós controlamos a válvula, e a partir do momento que a fecharmos, será o fim para eles”, ameaçou. A produção curda é de cerca de 650 mil barris por dia, o que corresponde a 95% das receitas da região e 15% do total da produção iraquiana.
O Irã, contrário ao referendo e atendendo aos pedidos de Bagdá, anunciou o fechamento das fronteiras terrestres e aéreas com a região. Desde domingo o governo de Teerã realiza exercícios militares nas imediações da divisa com o Curdistão iraquiano. Tal como a Turquia, o país teme que o pleito impulsione o movimento de independência de sua minoria curda.
(Com agências internacionais)