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Dados sobre Covid-19 serão enviados ao governo Trump ao invés do CDC

Profissionais da área da saúde temem que as informações sejam ainda mais politizadas, ou até escondidas da população; novo banco de dados será fechado

Por Da Redação
Atualizado em 15 jul 2020, 16h20 - Publicado em 15 jul 2020, 15h45
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  • O governo de Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, ordenou nesta quarta-feira, 15, que hospitais enviassem todos os dados sobre pacientes com coronavírus diretamente para Washington, passando por cima dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC). Profissionais da área da saúde temem que as informações sejam politizadas, ou até escondidas da população, diz o jornal americano The New York Times.

    Michael Caputo, secretário assistente de assuntos públicos do Departamento de Saúde e Serviços Humanos, afirmou em comunicado que o país precisa de um “novo sistema de dados mais rápido e completo para derrotar o coronavírus”. A partir de agora, o departamento – não o CDC – fica responsável pelos relatórios diários sobre pacientes, número de leitos e ventiladores e outros dados sobre a pandemia.

    “Hoje, o CDC tem pelo menos uma semana de atraso em relatar dados de hospitais e os Estados Unidos exigem isso em tempo real”, disse Caputo, enfatizando que o sistema atual é inadequado. A agência, que faz parte do departamento, ainda deve participar da linha de fluxo dos dados, segundo ele, apesar de não estar mais no controle.

    O novo banco de dados não é aberto ao público, o que poderia afetar o trabalho de pesquisadores e autoridades de saúde que dependem dos dados do CDC para fazer projeções, reporta o Times. Caputo, por sua vez, disse que a agência teria acesso ao novo sistema do departamento e continuaria divulgando os dados.

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    Segundo o especialista Sanjay Gupta, ouvido pela emissora CNN, a mudança não tem lógica e “vai gerar mais opacidade” dos dados sobre a Covid-19, doença respiratória causada pelo vírus.

    Já o médico Richard Besser, ex-diretor interino do CDC, disse nesta quarta-feira que ele teme que o Departamento de Saúde e Serviços Humanos possa politizar os dados – “e essa é a última coisa que você deseja”, afirmou. Para ele, os sistemas de informação precisam ser modernizados, mas sem passar por cima da agência.

    Profissionais da saúde há muito expressam preocupação com a politização da ciência pelo governo Trump, especialmente durante a pandemia de coronavírus, que já matou mais de 136.000 pessoas nos Estados Unidos. Na terça-feira 14, quatro ex-diretores do CDC denunciaram as tentativas da Casa Branca de deturpar as diretrizes da agência em um artigo no jornal The Washington Post.

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    Referindo-se à recomendação do CDC contra a reabertura imediata de escolas, após Trump afirmar que “vai pressionar” governadores a retomarem as aulas, os ex-diretores escreveram que “o governo repetidamente levantou dúvidas sobre as recomendações e o papel da agência em informar e orientar a resposta à pandemia do país”.

    “A única razão válida para alterar as diretrizes divulgadas é a nova informação e a nova ciência – não a política”, diz o artigo. “Infelizmente, a ciência sólida está sendo desafiada com tiros partidários, semeando confusão e desconfiança em um momento em que o povo americano precisa de liderança, conhecimento e clareza”, completa. Além da Covid-19, seria preciso combater políticos que tentam “minar o CDC”.

    No Brasil, o governo de Jair Bolsonaro já chegou a omitir dados relacionados à pandemia no país, mas recuou após a repercussão negativa da decisão do Ministério da Saúde em exibir apenas informações colhidas no período de 24 horas.

    No dia 9 de junho, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que o Ministério da Saúde voltasse a divulgar o número total de casos confirmados e de mortes por Covid-19 diariamente no site da pasta.

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