Em visita ao estado de Arunachal Pradesh, no nordeste da Índia, o dalai-lama voltou a afirmar neste sábado que seu sucessor poderia ser uma mulher e disse que retornará ao Tibete se receber um “sinal adequado” por parte do governo chinês.
“A possibilidade de um dalai-lama mulher é muito alta para os anos vindouros”, disse o líder budista. Repetindo declaração criticada em 2015, acrescentou, em tom de brincadeira, que esta deve ser “muito atraente”. Dois anos atrás, o dalai-lama, que já se disse um feminista, afirmou que “não seria de muito uso” uma sucessora mulher que não fosse “atraente”. Perguntado se estava brincado, respondeu: “É verdade”.
Neste sábado, o líder religioso mostrou-se convencido de que reencarnará após morrer, mas “ninguém sabe” quando isso ocorrerá, e insistiu que a China não pode decidir quem será seu sucessor, como pretende, pois isso seria uma “completa bobagem”. Quanto a seu possível retorno ao Tibete, ele não descarta a ideia, se houver uma mudança na atitude do governo chinês.
“Acredito que mais de 90% do Tibete quer que eu volte, muitos estão me esperando. Inclusive milhões de chineses budistas me querem de volta. Mas só voltarei quando houver um sinal positivo do governo chinês”, afirmou.
No segundo dia de sua visita à cidade de Tawang, próxima da fronteira com o Tibete e por onde entrou na Índia em sua fuga das tropas chinesas em 1959, o dalai-lama defendeu que a oposição de Pequim a sua viagem à região responde a uma “politização” dos fatos. Esta é a quinta vez que o líder religioso comparece à região disputada do Himalaia, que visitou pela última vez em 2009, uma viagem cujo objetivo é ministrar doutrinas espirituais.
A soberania de Arunachal Pradesh é reivindicada por Índia e China desde a criação do Estado indiano e foi o motivo de um breve confronto entre os dois países em 1962. Nova Délhi e Pequim mantêm rodadas regulares de contatos para abordar os temas e reivindicações pendentes em sua agenda bilateral a fim de aliviar as tensões, mas são frequentes as acusações mútuas de incursões militares na região fronteiriça.
Enquanto a Índia controla Arunachal Pradesh, província da qual a China reivindica 80 000 quilômetros quadrados, o regime comunista administra Aksai Chin, outra área disputada por ambos, na fronteira ocidental dos dois países e parte da histórica região da Caxemira.
(com EFE)