O dalai-lama, líder espiritual tibetano, de 83 anos, foi internado em um hospital de Nova Délhi nesta terça-feira, 9, com infecção no pulmão, segundo um assessor. A condição do monge budista, chefe do governo tibetano no exílio, é estável.
“Hoje de manhã, sua santidade sentiu certo desconforto e foi levada de avião a Nova Délhi para um check-up”, disse Tenzin Taklha, seu secretário pessoal. “Os médicos o diagnosticaram com infecção no peito e ele está sendo tratado para isso. Sua condição é estável agora. Ele será tratado por dois, três dias aqui.”
Tenzin Gyatso, o 14º dalai-lama, estava em Dharamshala, no Norte da Índia, quando se sentiu mal. Ele vive nessa cidade montanhosa em exílio desde 1959, quando teve de fugiu depois do fracasso de uma rebelião de tibetanos contra o domínio chinês.
Muitos dos cerca de 100 mil tibetanos que vivem na Índia estão preocupados que sua luta por uma pátria genuinamente autônoma se encerre com este dalai-lama. Em março, ele disse ser possível que, quando morrer, sua reencarnação possa ser encontrada na Índia. Também alertou que um sucessor nomeado pela China, país que controla o Tibete desde 1951, não será respeitado.
A China classifica o Nobel de Paz de 1989 como um “perigoso separatista” e defende que seus líderes têm o direito de aprovar o sucessor de Tenzin Gyatso como dalai-lama. Para Pequim, trata-se de um legado dos imperadores da China. Entretanto, muitos tibetanos – cuja tradição sustenta que a alma do dalai-lama reencarna no corpo de uma criança – suspeitam da teoria chinesa.
Na semana passada, o governo chinês pediu à comunidade internacional que não se deixe “enfeitiçar” pelo líder religioso, uma vez que o Tibete experimentou um grande período de desenvolvimento desde que o dalai-lama, fugiu para o exílio.
“Os países que nos atacam na questão dos direitos humanos não conhecem a situação (no Tibete) ou acreditam nos rumores dos grupos separatistas, como os do dalai-lama, ou são enfeitiçados por eles”, afirmou Norbu Dondrup, vice-presidente da região autônoma do Tibete.
O dirigente, que é tibetano e membro do Partido Comunista Chinês, falou durante a apresentação em Pequim de um relatório oficial sobre o que as autoridades chamam de “reforma democrática” do Tibete nos últimos 60 anos.
Norbu Dondrup defendeu a tomada do território pela China, assegurando que o regime tibetano anterior era “mais sombrio e atrasado que a Idade Média europeia” e que 95% da população era composta por “servos”. As autoridades chinesas alegam que investiram muito no Tibete para modernizá-lo e melhorar o padrão de vida dos habitantes.
No entanto, organizações de defesa dos direitos humanos e o governo tibetano exilado acusam Pequim de reprimir a religião, a cultura e qualquer tentativa de separatismo.