Datas: Clark Olofsson, Ruy Carlos Ostermann, Lalo Schifrin e Jimmy Swaggart
As despedidas que marcaram a semana

A síndrome de Estocolmo é uma dinâmica psicológica na qual a vítima de um sequestro, mantida refém, desenvolve vínculos e simpatia em relação ao algoz. Embora rara — segundo estudo do FBI, em apenas 8% dos casos dá-se essa estranha intimidade —, a expressão ganhou imensa popularidade, sobretudo em filmes e séries. Ela nasceu de um episódio de 1973, na Suécia: um assalto a banco em que quatro funcionários ficaram à mercê dos bandidos dentro de um cofre. Uma das vítimas, em telefonema para o primeiro-ministro ao longo das negociações policiais, solicitou que autorizassem os agressores a deixar a instituição bancária e que ela pudesse ir com eles.
Não demorou para que uma psiquiatra forense criasse a hoje famosa definição. O larápio pelo qual se criou alguma afeição foi Clark Olofsson, que passou parte da vida na cadeia, envolvido em tentativa de homicídio, tráfico de drogas e agressão. Preso, ele conseguiu se formar em jornalismo. Nos períodos em que conquistava liberdade, para então voltar a ficar atrás das grades, desfilava em carrões e roupas refinadas. Ele foi libertado pela última vez em 2018. Morreu em 24 de junho, aos 78 anos, de causas não reveladas.
O professor de futebol

Antes das facilidades autorizadas pelo computador, antes da explosão dos treinadores preparados a enxergar o futebol com inteligência tática, o escritor e comentarista gaúcho Ruy Carlos Ostermann — o “professor”, como o chamavam — enxergava o futebol com olhar moderno, de quem sabia estudar as posições em campo e, desse olhar, imaginar os caminhos de cada jogo. Embora já fosse muito conhecido no Rio Grande do Sul, ganhou destaque nacional no programa Bate-Bola, comandado por Armando Nogueira durante a Copa de 1982, na TV Globo. Ostermann morreu em 27 de junho, aos 90 anos, em decorrência de uma pneumonia.
O mago das trilhas

Imagine estar perambulando por aí e, ao fundo, escutar a música-tema da série de televisão, depois levada ao cinema, Missão: Impossível (1966). De imediato haverá a sensação de suspense e perigo. A peça foi criada pelo arranjador e compositor argentino radicado nos Estados Unidos Lalo Schifrin, que compôs também a trilha de outros clássicos de aventura, como Bullitt (1968) e Perseguidor Implacável (1971). Para além do cinema, ele foi colaborador frequente de mestres da Bossa Nova. Em 2019 ganhou um Oscar honorário pelo conjunto da obra. Morreu em 26 de junho, aos 93 anos.
A ruína do pastor

Nos anos 1950, o pastor americano Jimmy Swaggart começou a transmitir seus sermões pela televisão, tornando popular uma nova modalidade — o televangelismo. Ao longo de duas décadas de atividade, seu programa matinal chegou a ser transmitido em mais de 100 países, inclusive no Brasil, com arrecadação de mais de 140 milhões de dólares anuais. Em 1988, envolvido em um escândalo sexual, ao ser fotografado com uma prostituta, entrou em decadência e saiu de cena, forçado a abandonar a Assembleia de Deus. Morreu em 1º de julho, aos 90 anos.
Publicado em VEJA de 4 de julho de 2025, edição nº 2951