Debate de vices nos EUA tem embate sobre 6 de janeiro e microfones cortados
O senador J.D. Vance, companheiro de chapa de Donald Trump, e o governador de Minnesota, Tim Walz, vice de Kamala Harris, se enfrentaram pela primeira vez
O debate da rede americana CBS com os candidatos a vice na eleição para a presidência dos Estados Unidos na noite desta terça-feira, 1º, teve trocas de acusações, embates sobre imigração, economia, aborto e as eleições de 2020. Em momento mais acalorado, a emissora chegou a cortar o som dos microfones dos dois candidatos, o senador republicano J.D. Vance, companheiro de chapa de Donald Trump, e o governador democrata de Minnesota, Tim Walz, vice de Kamala Harris.
O momento ocorreu quando Vance e Walz falavam sobre imigração. A fake news sobre imigrantes haitianos comerem animais de estimação em Springfield (Ohio), divulgada por Trump no debate com Kamala, foi retomada por Walz, que acusou Vance de tentar “desumanizar” pessoas. Vance respondeu que se preocupa com os cidadãos americanos que tiveram suas “vidas destruídas” pela “fronteira aberta” do governo Joe Biden e Kamala Harris.
Uma das moderadoras corrigiu a informação, dizendo que muitos dos imigrantes em Springfield entraram legalmente no país. Vance rebateu a apresentadora, que tentou seguir em frente e mudar de tema, mas os dois candidatos continuaram a discussão sobre imigração. A emissora, então, cortou o som dos microfones, e a moderadora avisou que o público não poderia mais ouvi-los.
Vance culpou Kamala pelo que chamou de “crise imigratória histórica” e defendeu a deportação de “imigrantes criminosos”. Walz lembrou que democratas e republicanos estavam perto de concordar com uma lei de imigração até que Trump pressionou os legisladores a abandoná-la.
Conflito no Oriente Médio
O debate começou com uma pergunta sobre a crise no Oriente Médio, que se acirrou nesta terça-feira, após o ataque de Irã com cerca de 180 mísseis contra Israel. As moderadoras perguntaram se os candidatos apoiariam um ataque de Israel ao Irã. Walz defendeu o direito de Israel se defender e lembrou os ataques do Hamas em 7 de outubro. Já Vance disse que Israel deve decidir o que fazer para ser um país seguro e defendeu que os EUA apoiem seus aliados quando estiverem lutando contra o mal.
Walz então afirmou que o Irã está perto de ser uma potência nuclear por causa da liderança “inconstante” de Trump, que apoia “quem o elogia mais”. Vance, por sua vez, afirmou que quem está no poder há três anos e meio é a companheira de chapa de Walz, Kamala, como vice de Biden.
Mudanças climáticas
Com o gancho do furacão Helene, que já deixou mais de 150 mortos nos Estados Unidos, os candidatos falaram sobre mudanças climáticas. Walz lembrou uma fala antiga de Trump sobre o aquecimento global ser “um boato” e destacou os investimentos do governo Biden-Kamala contra as mudanças do clima. Enquanto isso, Vance voltou a colocar em dúvida o impacto das emissões de gás carbônico no clima.
‘Hitler americano’
Questionado pelas mediadoras sobre uma antiga fala sua sobre Trump ser o “Hitler americano”, Vance afirmou fez um “mea culpa” e afirmou que errou. O republicano disse ainda que é preciso ser franco ao se admitir um engano no passado. “Quando você comete um erro, quando fala errado, quando faz algo errado e muda de ideia, você deve ser honesto com o povo americano”.
Aborto
Em uma questão sobre o aborto, tema considerado favorável para a campanha democrata, que defende o direito ao procedimento, Walz falou sobre o sofrimento de mulheres em estados como Texas e Kentucky, que restringiram a interrupção de gravidez. “É uma questão de saúde”, afirmou. O democrata também criticou o elogio de Trump à decisão da Suprema Corte que reverteu a decisão que garantia o direito ao aborto em todo o país.
Já Vance reconheceu que declarações anteriores que fez sobre o assunto levantaram “questões” para alguns eleitores e que os republicanos precisam “fazer um trabalho muito melhor para reconquistar a confiança dos americanos” nesse aspecto.
Eleições de 2020 e ameaça à democracia
Ao final do debate, os candidatos falaram sobre democracia, as eleições de 2020 e a invasão ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021 por apoiadores de Trump. Vance foi questionado sobre se ele tentaria contestar os resultados das eleições deste ano e afirmou que Trump disse que houve “problemas” em 2020. Walz pressionou Vance a responder sobre o resultado da eleição de 2020, se Trump teria ou não perdido, mas o republicano se esquivou e afirmou que prefere olhar para o futuro. Em seguida, ele acusou Kamala de estar envolvida em censura “em escala industrial” e afirmou que essa é a verdadeira ameaça à democracia.
Walz disse que o ataque ao Capitólio foi muito mais sério do que censurar redes sociais. “Negar o que aconteceu em 6 de janeiro, foi a primeira vez que um presidente americano ou qualquer pessoa tentou anular uma eleição”, disse. “Isso tem que parar. Está destruindo nosso país.”