Declarações de Trump surpreendem até mesmo sua equipe
Em apenas um dia, presidente desfez toda a estratégia de controle de danos elaborada por sua equipe de assessores
O presidente dos Estados Unidos Donald Trump levou menos de 24 horas para desfazer toda a estratégia de controle de danos elaborada por sua equipe de gerenciamento de crise. Reafirmou sua controversa declaração do último sábado, culpando tanto grupos de esquerda como de direita pela violência que resultou na morte de uma mulher em Charlottesville, Virgínia.
“Há dois lados em uma história”, disse Trump a jornalistas na Trump Tower, em Nova York. “Eu critiquei os neonazistas, mas nem todos os que estavam lá eram neonazistas ou supremacistas brancos“, disse em outro momento, reiterando que foi “um dia terrível”.
As declarações surpreenderam até mesmo a própria equipe de assessores de Trump, responsável pela mudança de tom do presidente nos últimos dias. Após muita pressão política, na segunda-feira o presidente americano havia finalmente acusado diretamente supremacistas brancos, membros da Ku Klux Klan e neonazistas pela violência do último sábado. Mas sua nova posição logo foi substituída pelas declarações improvisadas desta terça, dividindo as responsabilidades pelo confronto.
Originalmente, Trump deveria fazer um breve anúncio sobre reformas na infraestrutura do país. Sua equipe preparou, inclusive, uma série de gráficos que seriam usados durante a apresentação e orientou os jornalistas a não fazerem perguntas sobre outros assuntos. Contudo, o presidente desrespeitou mais uma vez o cronograma elaborado por seus assessores.
Fotos divulgadas pela imprensa americana mostram, inclusive, a insatisfação do Chefe de Gabinete da Casa Branca, John Kelly, durante a coletiva de Trump. A expressão de Kelly transparecia sua preocupação e insatisfação durante a sessão de perguntas dos jornalistas.
As declarações do presidente também causaram repercussão imediata dentro do próprio Partido Republicano. Muitos senadores e deputados criticaram a posição de Trump, entre eles o presidente da Câmara dos Deputados, Paul Ryan, e o senador Marco Rubio.
“Temos que ser claros. A supremacia branca é repulsiva. Este fanatismo é contrário a tudo que este país defende. Não pode haver ambiguidade moral”, tuitou Ryan. Em uma série de seis posts, Rubio afirmou que os supremacistas são 100% culpados pela violência na Virgínia e considerariam a fala do presidente uma vitória. “Não podemos permitir que esse antigo mal seja ressuscitado.”