Os democratas iniciam a maratona das primárias nesta noite de segunda-feira (3) no estado americano de Iowa para escolher quem será o adversário do presidente Donald Trump nas eleições presidenciais de novembro. Essa primeira votação estadual está cheia de suspense e se vê ofuscada pelo julgamento político do presidente pelo Senado.
A votação começa às 19h locais (22h de Brasília) em cerca de 1.700 locais de Iowa, um pequeno estado do meio-oeste dos Estados Unidos, onde o senador por Vermont, Bernie Sanders, aparece como favorito. Mas antecipadamente foram iniciadas as votações nos satélites – localidades em outros estados, como a Flórida, e países, como a França onde vivem cidadãos de Iowa.
Dos onze candidatos democratas, quatro lideraram as últimas pesquisas para a votação desta noite, que não será feita com cédulas, mas por meio assembleias comunitárias de eleitores conhecidas como “caucus”.
Na disputa, Sanders – um candidato progressista que se define como socialista democrático e defende a criação de um sistema de saúde universal – tem vantagem sobre o ex-vice-presidente Joe Biden, moderado que baseou sua campanha em sua longa experiência no Senado e nos oito anos ao lado de Barack Obama. A principal ausência será o empresário Michael Bloomberg, que entrou com atraso na disputa, mas que se mostra um concorrente direto de Biden na mesma fatia do eleitorado.
“Acho que será um resultado muito apertado”, reconheceu Biden ao canal NBC.
Logo atrás de Sanders na pesquisas estão o ex-prefeito da cidade de South Bend, Indiana, Pete Buttigieg; e a senadora de Massachusetts Elizabeth Warren, com um programa parecido com o de Sanders. Em seguida nas pesquisas está a senadora por Minesota Amy Klobuchar.
Neste ano, a atenção das primárias é ofuscada pelo julgamento político contra o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Nesta sexta-feira, no plenário do Senado, a acusação (democrata) e a defesa do presidente apresentaram suas considerações finais. A expectativa é de absolvição do magnata ainda nesta semana pelos republicanos, que compõem a maioria.
Para os três senadores que disputam as primárias – Sanders, Warren e Klobuchar -, o julgamento contra Trump também significou ficar em Washington para participar do processo, sem poder fazer campanha neste pequeno estado rural onde o contato com a população é fundamental. O prejuízo poderá já ser expresso nos resultados do caucus de Iowa, que serão conhecidos na terça-feira, 4.
Vantagem de Sanders
As primárias democratas terminam em meados de julho, durante a Convenção do Partido Democrata em Milwaukee, Wisconsin, onde sairá o candidato que Trump enfrentará no dia 3 de novembro.
De acordo com uma pesquisa publicada pelo Emerson College focada nos eleitores democratas e publicada na véspera da votação em Iowa, Sanders tem 28% das intenções de voto – sete pontos à frente de Biden, que é o favorito nas pesquisas em todo o país.
“Esta é sem dúvida a eleição mais importante da história moderna deste país. Tudo começa amanhã (segunda-feira) à noite”, disse Sanders a seus apoiadores em Iowa City no domingo.
O senador veterano perdeu em Iowa para Hillary Clinton há quatro anos e, desta vez, espera que o estado seja seu trampolim, como foi para Jimmy Carter, em 1976.
Para isso, Sanders conta com os votos das minorias, especialmente latinos e jovens, que descreveu como “a geração mais progressista da história” dos Estados Unidos. Espera-se que o forte aceno ao voto latino seja fundamental em Iowa e nas eleições, se for escolhido como candidato democrata.
Segundo o instituto Pew Research, estima-se que 32 milhões de latinos estejam habilitados para votar nas eleições de novembro, superando pela primeira o número de eleitores negros. De acordo com a Liga de Cidadãos Latino-Americanos (Lulac), em Iowa, um em cada quatro potenciais eleitores do “caucus” é latino.
Trump, que rotineiramente desqualifica os democratas com provocações, chamou Sanders de “comunista” em uma entrevista à rede de televisão Fox News.
Incógnitas
“O mais importante é derrotar Donald Trump!”, disse a senadora Warren, de 70 anos, que apresenta uma candidatura progressista contra os abusos do sistema financeiro. Uma de suas propostas é detonar os oligopólios das empresas de tecnologia dos Estados Unidos.
Biden, por outro lado, se gabou de sua experiência e disse que, se eleito, poderá trabalhar a partir do “primeiro dia”. “Vamos pôr fim ao mandato odioso e divisório de Trump”, afirmou a mais de 1.000 apoiadores na noite de domingo em Des Moines, capital de Iowa.
O encerramento da campanha democrata para o caucus de Iowa se deu neste final de semana nas ruas, eleitor a eleitor, com milhares de militantes batendo nas portas, telefonando ou erguendo faixas.
Cada candidato espera ter um desempenho melhor do que o esperado em Iowa, porque a surpresa pode dar um impulso na próxima etapa das primárias, dentro de uma semana, em New Hampshire.
Ao contrário do voto secreto, nesta votação da assembleia, os eleitores se levantam para mostrar seu apoio a um delegado. Os candidatos que atingem 15% podem ter delegados para a indicação e, caso não consigam alcançar esse porcentual, seus eleitores podem apoiar outro candidato. Com isso, os resultados se tornam menos previsíveis.