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Democratas querem zerar emissão de gases do efeito estufa em 10 anos

Projeto 'Novo Acordo Verde' defende a criação de um sistema universal de saúde pública e de esquema federal de proteção ao emprego nos EUA

Por Da Redação
Atualizado em 7 fev 2019, 17h49 - Publicado em 7 fev 2019, 17h17

Nova estrela do Partido Democrata no Congresso americano, a deputada socialista Alexandria Ocasio-Cortez lançou nesta quinta-feira, 7, o projeto econômico e social “Novo Acordo Verde”, cujo maior objetivo será fazer os Estados Unidos chegarem a uma emissão zero de gases do efeito estufa em dez anos. A  mudança climática será o tema central da campanha dos democratas pela Casa Branca em 2020.

A iniciativa vem na contra-corrente da política adotada pelo republicano Donald Trump desde que assumiu a Casa Branca, em janeiro de 2017. Trump retirou os Estados Unidos do Acordo de Paris sobre Mudança Climática, acabou com a política de impulso ao desenvolvimento de carros movidos a eletricidade e fomentou a exploração e uso de carvão e de petróleo.

O projeto de Ocasio-Cortez teve a contribuição especial do senador Ed Markey, que há dez anos havia proposto uma legislação agressiva em prol de investimentos em energia verde. “O Novo Acordo Verde” lida completamente com a ameaça existencial causada pela mudança climática ao apresentar um amplo plano de dez anos, que é tão grande quanto o problema que se propõe a resolver, enquanto cria uma nova era de prosperidade compartilhada”, afirma o sumário da legislação.

O texto propõe medidas para se alcançar o objetivo, entre os quais converter toda a matriz energética americana para fontes de geração verdes, como são consideradas a hidráulica e a nuclear. O plano envolve ainda a modernização da infraestrutura de transportes, a supressão de fontes geradoras de gás carbônico nos setores industrial e agrícola, a construção de edifícios e moradias mais eficientes no uso da energia e o aumento das áreas preservadas.

O objetivo de zerar a emissão líquida de gases do efeito estufa em dez anos responde ao último relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC), que registrou ser necessário evitar o aumento da temperatura da Terra em mais de 1,5ºC em relação ao nível anterior ao da era industrial, como meio de evitar os efeitos mais catastróficos do aquecimento global.

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Até a assinatura do Acordo de Paris, em 2015, os cientistas do IPCC alertavam para a importância de impedir o aumento de até 2,0ºC na temperatura do planeta até o final deste século. Os compromissos firmados na ocasião tiveram esse alerta como base. Agora, o IPCC clama pela adoção de planos mais ambiciosos e velozes nas próximas décadas.

O título do plano de Ocasio-Cortez e de Markey – “Novo Acordo Verde” – faz referência ao amplo programa de recuperação da economia americana proposto entre 1932 e 1937 pelo então presidente Franklin Delano Roosevelt. Com o “Novo Acordo” (New Deal), seu governo conseguiu superar a maior recessão de sua história, desencadeada pela quebra da Bolsa de Nova York, em 1929.

Segundo o jornal The Guardian, o documento traz também um capítulo social no qual os parlamentares defendem a criação de um sistema universal de saúde pública, a adoção de medidas para a garantia de empregos e treinamento de trabalhadores. “Nós precisamos estar seguros de que os trabalhadores atuais do setor de combustíveis não-renováveis tenham melhores salários e mais empregos disponíveis e a garantia federal de que nenhum trabalhador será deixado para trás”, diz o texto.

A proposta foi co-assinada por seis deputados e nove senadores e incluída nos programas eleitorais de vários candidatos presidenciais, ao mesmo tempo em que já é repudiada por políticos republicanos. A senadora Kamala Harri, o deputado Beto O´Rourke, os senadores Elizabeth Warren e Kirsten Gillibrand, todos pré-candidatos democratas, apoiaram o conceito do “Novo Acordo Verde”. Da mesma maneira reagiu o senador independente Bernie Sanders, o empresário Michael Bloomberg e o ex-secretário de Habitação dos Estados Unidos Julian Castro.

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