Não é só de recursos que a Venezuela de Nicolás Maduro está necessitada, mas também de criatividade. Em mais uma imitação das iniciativas do líder oposicionista Juan Guaidó, o chavista anunciou que organizará um show nos dias 22 e 23 de fevereiro na fronteira com a Colômbia, contra a “agressão” a que estão tentando submeter o povo venezuelano.
Guaidó já havia marcado um espetáculo para a próxima sexta-feira, 22, para promover a entrada de ajuda humanitária no país e arrecadar doações. O evento deve acontecer na ponte internacional Tienditas, que liga a cidade colombiana de Cúcuta com a Venezuela.
O anúncio sobre o show organizado pela oposição foi feito em conjunto pelo autoproclamado presidente interino venezuelano e pelo presidente colombiano Iván Duque na última sexta-feira 15.
Nesta segunda-feira, 18, contudo, o ministro da Comunicação do governo Maduro, Jorge Rodríguez, afirmou a intenção do regime chavista em realizar um evento muito parecido, em um local próximo de onde o show da oposição já estava sendo planejado.
“Recebemos uma proposta de um grande número de artistas venezuelanos que solicitaram uma reunião cultural, um grande show pela paz e pela vida com dois slogans: ‘Para a guerra, nada’ e ‘ Tirem as mãos da Venezuela'”, anunciou.
Sem especificar quem participará, Rodriguez disse que o concerto será realizado na ponte Simón Bolívar, que liga San Antonio, na Venezuela, e Cúcuta, e que enviará “uma mensagem de denúncia contra a brutal agressão a que estão tentando submeter o povo venezuelano”.
Maduro se recusa a aceitar remessas de remédios, de alimentos básicos e de outras doações enviadas pelos Estados Unidos e outras nações a pedido de Guaidó, reconhecido por 50 países como presidente interino da Venezuela.
O show da oposição
O evento organizado por Guaidó e Duque, chamado de Venezuela Aid, em inglês, e Ayuda Venezuela, em espanhol, será financiado por Richard Branson, um empresário britânico dono da multinacional de telecomunicações Virgin Group.
O show será transmitido para todo o mundo por streaming, segundo Branson. Entre os artistas convidados estão Luis Fonsi, Juanes, Ricardo Montaner, Juan Luis Guerra, Alejandro Sanz, J Balvin, Carlos Vives, Nacho, Danny Ocean e Anitta.
A assessoria da cantora brasileira, contudo, já esclareceu que ela não participará do evento, pois tem outro compromisso na mesma data.
Guaidó marcou 23 de janeiro como a data de entrada de ajuda humanitária estrangeira no país. Segundo o líder da oposição, as doações chegarão por dois pontos: a cidade de Cúcuta e Roraima, no Brasil.
O presidente autoproclamado explicou na semana passada que mais de 250.000 pessoas já se voluntariaram para participar da coleta e distribuição das doações nas duas cidades e pediu que mais cidadãos se mobilizem para enfrentar o bloqueio imposto pelo governo de Nicolás Maduro.
É comum que o regime chavista marque manifestações a favor de seu governo nos mesmos dias e horários em que a oposição organiza suas marchas. A prática acontece desde a administração de Hugo Chávez e é uma forma encontrada pelo Executivo de tentar desviar a atenção dos protestos contrários ao presidente.