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Deputados dos EUA: ‘Bolsonaro põe em risco democracia do Brasil’

Em carta ao Departamento de Estado, 32 congressistas criticam retrocessos na democracia e dão como exemplo a proibição da candidatura de Lula em 2018

Por Da Redação
Atualizado em 7 mar 2019, 17h22 - Publicado em 7 mar 2019, 17h07
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    Um grupo de 32 deputados americanos criticou duramente os ataques do presidente Jair Bolsonaro contra os direitos da comunidade LGBTQ+ e de outras minorias em carta enviada ao Departamento de Estado na quarta-feira 6. No texto, os congressistas se dizem alarmados com a agenda de Bolsonaro, que “coloca em risco o futuro democrático do Brasil”.

    A crítica dos parlamentares se dá a apenas 12 dias da visita de Bolsonaro aos Estados Unidos, onde será recebido pelo presidente americano, Donald Trump. A visita deverá remarcar o alinhamento de posições de Brasília com as de Washington em vários aspectos de suas políticas externas.

    O envio da carta foi uma iniciativa dos deputados Susan Wild, membro do comitê de Política Externa, e Ro Khanna. Outros 30 congressistas assinaram a missiva, entre os quais Alexandria Ocasio-Cortez, de Nova York. O texto foi endereçado ao secretário de Estado, Mike Pompeo, que se reuniu com Bolsonaro um dia depois da posse do líder brasileiro, em Brasília.

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    No texto, os parlamentares ainda se mostram “profundamente desapontados” com as declarações positivas do governo de Donald Trump a Bolsonaro, em vez de manifestações de preocupação com o rumo do líder brasileiro em relação aos direitos humanos.

    “Nós lhe escrevemos para urgir por uma ênfase pública sobre a importância da defesa dos direitos humanos do povo do Brasil. Desde a eleição do candidato de extrema-direita Jair Bolsonaro como presidente, nós ficamos particularmente alarmados com o tratamento da agenda de Bolsonaro para a comunidade LGBTQ+ e outras comunidades minoritárias, mulheres, ativistas trabalhistas e dissidentes políticos no Brasil”, afirmaram os congressistas na carta.

    “Na condição de nosso mais alto diplomata, é sua atribuição representar os mais elevados valores da nossa nação por meio da advocacia dos direitos fundamentais e da dignidade de todo o povo do Brasil”, completou.

    No texto, os congressistas mencionam haver tendências regressivas na democracia brasileira desde antes da ascensão de Bolsonaro. O exemplo citado na carta é o bloqueio da candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em “circunstâncias controvérsias que que põem em risco os direitos do povo do Brasil à livre escolha do presidente”.

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    Sobre o próprio Bolsonaro, os deputados destacaram a Pompeo as suas demonstrações de “clara hostilidade” à democracia, ao expressar sua admiração pelo ditadura militar, defender a tortura e designar seus opositores como inimigos internos e membros de organizações terroristas. O texto exemplifica a aversão do presidente brasileiro a seus oponentes com a promessa dele, uma semana antes da eleição, de fazer um expurgo jamais visto na história. Para os congressistas, essa declaração sugeria a prisão ou a violência contra o candidato petista, Fernando Haddad.

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    Sobre este princípio de governo, os deputados americanos mencionaram a eliminação do Ministério do Trabalho e a divisão de suas atribuições pela Esplanada, e também a transferência para o Ministério da Justiça do poder de conceder o direito de representação legal aos sindicatos. Na interpretação dos parlamentares, trata-se da “politização crescente do processo para estigmatizar e reduzir a atividade vital e legítima dos sindicatos”.

    A deputada Susan Wild defendeu que o Congresso americano se ponha ao lado dessas minorias e dos ativistas em prol da Justiça e da igualdade, que “têm corrido riscos por falar contra as forças revanchistas do autoritarismo, da xenofobia e da divisão”. O congressista Khanna disse implorar a Pompeo que deixe claro a Bolsonaro que suas ações nessa área são “inaceitáveis”.

    A carta recebeu o apoio de várias organizações sindicais, entre as quais a poderosa confederação AFL-CIO, a Trabalhadores Siderúrgicos Unidos (USW), a Trabalhadores Automotivos Unidos (UAW) e o Sindicato dos Trabalhadores em Alimentos e Comércio Unidos (UFCW). Segundo comunicado da deputada Wild, essas entidades estão preocupadas com os ataques aos direitos trabalhistas e com os esforços para prejudicar o movimento trabalhista no Brasil.

    O coordenador global de Direitos dos Trabalhadores da AFL-CIO, Brian Finnegan, afirmou que o governo brasileiro “semeia o ódio e o medo em suas declarações e ações”. “Os Estados Unidos deveriam claramente apoiar os movimentos sociais vibrantes do Brasil em seus esforços pelos direitos humanos e na defesa de seus papéis na democracia do país em um período de aumento da desigualdade e do ódio ignorante contra os migrantes, os trabalhadores, os líderes e os visionários comprometidos com a Justiça social em tantos países.

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