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Derretimento de geleira nos Alpes altera fronteira entre Suíça e Itália

Recuo da massa de gelo está forçando os países vizinhos a redesenhar seus territórios e a negociar região turística da divisa

Por Camille Mello
26 jul 2022, 10h57
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  • O derretimento de uma geleira nos Alpes borrou os limites entre Suíça e Itália, forçando os dois países a redesenhar suas fronteiras.

    Localizada na divisa entre as nações vizinhas, a Glaciar Theodul marcava o ponto em que a água de degelo formava um bacia que escorria para ambos os lados da montanha em direção a um país ou outro.

    Contudo, o recuo da massa de gelo, provocado pelas mudanças climáticas, arrastou o divisor de águas em direção ao Rifugio Guide del Cervino, um albergue no topo da montanha Testa Grigia.

    O empreendimento está localizado numa área turística nos arredores de uma das maiores estações de esqui do mundo, e de uma estação de teleférico que está sendo construída.

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    Com a alteração do marco das fronteiras, a região, a cerca de de 3.480 metros do nível do mar, é agora alvo de disputa entre Suíça e Itália.

    Quando o complexo foi construído, em 1984, ele estava inteiramente em território italiano. Após o derretimento da geleira – que perdeu quase um quarto de sua massa entre 1973 e 2010 –, a maior parte do alojamento, incluindo o restaurante, estão tecnicamente localizados no sul da Suíça.

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    Os países vizinhos iniciaram negociações diplomáticas para redesenhar um trecho de 100 metros de sua fronteira em 2018, mas os detalhes das reuniões não foram divulgados.

    Um acordo foi fechado em Florença em novembro de 2021, mas a decisão final só será revelada quando for sancionada pelo governo suíço, o que não deve acontecer antes de 2023.

    Em entrevista ao jornal britânico The Guardian, Alain Wicht, chefe da agência nacional de mapeamento da Suíça, disse que o território é disputado pelo valor econômico atribuído ao Rifugio Guide del Cervino.

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    “Mesmo que nenhum lado tenha saído vencedor, pelo menos ninguém perdeu”, sugeriu Wicht, afirmando que  ambas as partes fizeram concessões para encontrar uma solução sobre a posse do terreno.

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    Embora o resultado permaneça em sigilo, um funcionário do albergue, Lucio Trucco, de 51 anos, disse ao jornal inglês que o edifício ficará em solo italiano. “O refúgio continua italiano porque sempre fomos italianos”, disse ele. “O menu é italiano, o vinho é italiano e os impostos são italianos.”

    Por enquanto, nos mapas oficiais da Suíça, a faixa de fronteira do país continua sendo uma linha tracejada ao passar pelo alojamento de esqui.

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