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Destino do navio USS Pueblo será trofeu ou sinal de derrota para Trump

Trump será primeiro presidente em exercício dos EUA a reunir-se com o líder norte-coreano; Jimmy Carter fez acordo com Kim Jong-Il em 1994

Por Da Redação
Atualizado em 11 jun 2018, 22h28 - Publicado em 11 jun 2018, 17h56
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  • Tópico menos mencionado da agenda do encontro entre o presidente dos Estados Unidos e o líder da Coreia do Norte, o destino do USS Pueblo será um trofeu tão importante para Donald Trump quando o compromisso de Kim Jong-Un destruir seu programa nuclear. O USS Pueblo, navio-espião americano que hoje serve como museu em Pyongyang, é um dos temas épicos do conflito entre as duas Nações.

    Pressionado por setores conservadores, que ainda se lembram do caso e que estão na base de seu apoio, Trump quer o navio de volta para casa. Kim dificilmente quererá se desfazer desse símbolo de triunfo sobre os Estados Unidos.

    Sob a alegação de realizar estudos hidrográficos na costa da Coreia do Norte, o navio da Marinha americana foi cercado e tomado pelas Forças Armadas norte-coreanas em janeiro de 1968. Enquanto ainda sob cerco, o capitão Loyd Bucher ordenou a queima de todos os documentos confidenciais. Aquela foi a primeira vez, desde 1807, que um navio de guerra americano fora tomado por forças inimigas. No confronto, 14 marinheiros foram feridos e um deles morreu.

    A tripulação, com 83 membros, tornou-se prisioneira de Pyongyang por 11 meses. Sob pressão internacional, o então líder norte-coreano, Kim Il-Sung, avô de Kim Jong-un, autorizou a libertação dos presos, entregues na Ponte de Não Retorno da Zona Desmilitarizada, na fronteira entre as duas Coreias. A liberação ocorreu apesar de um incidente que a poderia ter abortado.

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    Em dezembro de 1969, Kim Il-Sung aceitara a proposta de fotografar os prisioneiros, para comprovar aos Estados Unidos que eles estavam bem. A revista Time incumbiu-se da tarefa. Posando em uniforme, com os rostos tranquilos, os marinheiros cruzaram os dedos de forma a mostrar o médio – um sinal de que estavam perdidos ou de mandavam ao inferno Pyongyang ou até mesmo Washington.

    Os norte-coreanos perceberam mas demoraram para interpretá-lo. Quando cientes do significado, iniciaram a “semana do inferno”, como os prisioneiros descreveram posteriormente a intensificação das torturas.

    “Com toda a sinceridade, nunca achei que alguma vez nos libertassem. Talvez libertassem alguns marinheiros, mas tinha como certo que não iam me libertar”, disse Eddie Murphy, em entrevista ao jornal português Observador.

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    Os prisioneiros foram devolvidos aos Estados Unidos pelo porto de San Diego e recebidos pelo então governador da Califórnia Ronald Reagan, posteriormente eleito presidente do país. O USS Pueblo jamais retornou aos portos americanos.

    Jimmy Carter

    Mesmo se conseguir extrair do líder norte-coreano um acordo razoável em Singapura, Trump não terá sido o primeiro. Em outubro de 1994, o então presidente Jimmy Carter assinou na Coreia do Norte um acordo de desarmamento nucler com Kim Jong-Il, depois da retirada de Pyongyang do Tratado de Não-Proliferação Nuclear. Segundo a Times, por meio desse acordo, o avô de Kim Jong-un se comprometeu a congelar as atividades atômicas e a desmantelar as suas instalações nucleares em troca da construção de duas usinas para a geração de eletricidade e de fornecimento de petróleo.

    O acordo de Carter e Kim Jong-Il fracassou em 2002, quando os Estados Unidos acusaram a Coreia do Norte de conduzir enriquecimento de urânio. No ano seguinte, os Estados Unidos se engajaram nas negociações da Coreia do Sul, China, Japão e Rússia com a Coreia do Norte – o Acordo das Seis Partes. As conversas continuaram até 2008, quando o pai do atual líder, Kim Jong-il, aceitou acabar com seu programa nuclear. Não demorou um ano para Pyongyang retirar-se do acordo, em protesto contra a condenação internacional ao lançamento de um foguete de longo alcance por seu país.

     

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