Por causa de uma nova crise econômica na Argentina, o presidente do país, Mauricio Macri, desistiu de participar da 52ª reunião de cúpula do Mercosul, que ocorre nesta segunda-feira (18) em Assunção, no Paraguai.
A vice-presidente, Gabriela Michetti, substitui Macri no encontro semestral do Mercosul, que terá a presença dos presidentes Michel Temer, Tabaré Vasquéz , do Uruguai, e Horácio Cartes, do Paraguai.
No domingo (17), o ministro argentino da Fazenda, Nicolás Dujovne, não participou do encontro semestral do Conselho do Mercado Comum (CMC), que reuniu os ministros da Fazenda do Brasil, Eduardo Guardia; do Uruguai, Danilo Astori; e do Paraguai, Lea Giménez. A Argentina enviou para o CMC seu vice-ministro de Programação Macroeconômica, Luciano Cohan.
A Argentina enfrenta uma nova crise cambial, com abruptas desvalorizações do peso e fuga de capitais nos últimos dois meses. A situação levou o governo Macri a pedir um empréstimo stand-by de 50 bilhões de dólares ao Fundo Monetário Internacional (FMI), como meio de estancar a corrida contra a moeda local.
A situação frágil da economia levou o governo a mudar a composição de seu gabinete. O presidente do Banco Central, Federico Sturzenegger, pediu demissão e foi substituído, na semana passada, pelo então ministro do Planejamento, Luis Caputo.
No sábado, Macri demitiu outros dois ministros de seu governo. Francisco Cabrera, da Produção, e Juan José Aranguren, de Energia, serão substituídos por Dante Sica e Javiera Iguacel, respectivamente, de acordo com a imprensa argentina.
Crise venezuelana
Lideranças do Mercosul assinaram nesta segunda-feira uma declaração à parte sobre a situação da Venezuela como meio de pressionar Caracas a aceitar a criação de canais para o ingresso de ajuda humanitária no país. O texto não faz menção à reeleição do presidente Nicolás Maduro, no fim de maio, ou a questões políticas internas.
No documento, os líderes do Mercosul pedem que o governo venezuelano coordene com a comunidade internacional o estabelecimento de canais para “aliviar a crise social e migratória” e também crie um sistema para o intercâmbio de informação epidemiológica com os países da região.
“Considerando o crescimento dos fluxos migratórios de venezuelanos, que buscam novas oportunidades na região, ante a deterioração das condições de vida da Venezuela, sublinham a necessidade de coordenar esforços a fim de dar respostas integrais em matéria migratória e de refúgio, de forma consistente com a dignidade e a preservação dos direitos fundamentais dos migrantes”, diz o texto.
Em agosto de 2017, a Venezuela foi suspensa do Mercosul — atualmente integrado por Brasil, Uruguai, Argentina e Paraguai — por ruptura da ordem democrática.
“(Os países) Reiteram sua vontade e compromisso de apoiar e acompanhar o povo irmão venezuelano nos esforços que demande a mitigação da crise migratória, humanitária e social, que atravessa atualmente”, continua o texto.
O presidente Michel Temer anunciou aos líderes do bloco que vai amanhã (19) a Roraima inspecionar pontos de atendimento aos refugiados venezuelanos. Temer viajará acompanhado do líder do governo no Senado, Romero Jucá (RR), e visitará o abrigo Nova Canaã, em Boa Vista.
“Lamentamos dizer de uma certa ruptura existente na ordem democrática da Venezuela, e nós continuamos vigilantes frente a uma deterioração humanística no quadro daquele país”, afirmou Temer.
Ele disse também que o Brasil tem recebido “milhares e milhares de imigrantes venezuelanos que buscam uma vida melhor” e que “não tem poupado esforços” para recebê-los, afirmando que o país oferece alimentação, remédio, abrigo e uma carteira de identidade transitória.
“Nosso povo irmão atravessa um momento preocupante, e não há espaço para hesitações, é por isso que agimos dessa maneira.”
(Com Estadão Conteúdo)