Diante de banimento nos EUA, TikTok vê debandada de usuários para outro app chinês

O aplicativo chinês RedNote, conhecido na China como Xiaohongshu, viu seu número de downloads disparar nos últimos dias, impulsionado pela incerteza em torno do futuro do TikTok nos Estados Unidos. A ByteDance, dona da plataforma de vídeos curtos que é sensação em todo o mundo, tem até o próximo domingo, 19, para vendê-la a uma empresa americana. Caso não o faça, o TikTok será proibido no país, devido à preocupação com a potencial obtenção de dados de cidadãos dos Estados Unidos pelo governo chinês.

Segundo informações da Sensor Tower, os downloads do RedNote (“livro vermelho”, em tradução literal, para o terror dos anticomunistas do governo americano) aumentaram mais de 200% em comparação ao mesmo período do ano passado. A plataforma, tradicionalmente voltada aos chineses, oferece um formato que mescla elementos do Instagram e do Pinterest, com postagens de estilo de vida, experiências e dicas.

Na última segunda-feira, 13, um bate-papo ao vivo chamado “Refugiados do TikTok” reuniu no RedNote mais de 50.000 usuários americanos e chineses em uma troca cultural improvisada, discutindo temas como desemprego juvenil, alimentação e até mesmo pedidos de ajuda com aulas de inglês.

Para muitos usuários, a migração para o RedNote foi uma forma de protesto contra o que consideram um uso excessivo do poder estatal para controlar plataformas digitais estrangeiras. “Peguem meus dados à vontade”, escreveram alguns americanos em suas postagens, em referência às acusações de Washington contra Pequim.

A migração repentina pegou o RedNote de surpresa. A plataforma, que até então era especializada no público chinês, viu a necessidade de moderar conteúdo em inglês e criar ferramentas de tradução eficazes entre os dois idiomas.

Embora ainda distante de alcançar a popularidade global do TikTok, o RedNote começa a ser visto como um potencial candidato a conquistar o mercado ocidental. Avaliada em 17 bilhões de dólares (mais de 100 bilhões de reais), a plataforma já é considerada uma das startups mais promissoras da China e tem sido vista como uma possível candidata à abertura de capital. Caso a tendência se confirme, seria um tiro pela culatra para o governo americano, que verá mais um app chinês espreitando (ou não) os smartphones nos Estados Unidos.

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