Diante de suspeita de fraude, OEA pede 2º turno de eleição na Bolívia
Candidato à reeleição, Evo Morales denuncia tentativa de golpe de Estado pela oposição; Carlos Mesa pede protestos permanentes
A Organização dos Estados Americanos (OEA) informou nesta quarta-feira, 23, que a “melhor opção” para a Bolívia é a convocação do segundo turno das eleições, ainda que o atual presidente Evo Morales alcance a margem de votos para se reeleger. O país foi tomado por protestos diante da suspeita de fraudes no pleito do último domingo, 20. O líder boliviano acusa a oposição de tentativa de golpe de Estado.
“Devido ao contexto e aos problemas evidenciados neste processo eleitoral, continuaria sendo uma melhor opção convocar um segundo turno”, explicou Gerardo Icaza, diretor da missão de observação eleitoral da OEA, em Washington.
Na quarta-feira, o candidato de oposição, Carlos Mesa, pediu “protestos permanentes” até que uma votação no segundo turno fosse determinada, acrescentando que em breve apresentaria evidências de adulteração na contagem, reportou a emissora Al Jazeera.
A apuração oficial das eleições na Bolívia se aproxima a 97% dos votos. Evo Morales está a poucos décimos de obter a vitória no primeiro turno, em uma contagem que a oposição considera fraudulenta. Por outro lado, o atual presidente sugere que esse argumento é apenas um pretexto.
“Um golpe de Estado está em andamento. Com antecedência, a direita havia se preparado para um golpe com apoio internacional”, clamou durante uma coletiva na capital La Paz nesta quarta-feira.
Segundo dados do órgão eleitoral, Evo tem atualmente 46,49% dos votos apurados, enquanto Mesa aparece com 37,01%. Na Bolívia, vence no primeiro turno o candidato que obtiver mais de 50% dos votos ou, pelo menos, 40% com uma margem de dez pontos percentuais sobre o adversário.
Na opinião de Icaza, caso Evo consiga os dez pontos sobre Mesa, é “razoável concluir que vencerá por uma diferença ínfima”, motivo pelo qual considera um segundo turno a melhor opção. “Os resultados de uma eleição devem ser críveis e aceitáveis para toda a população, não só para um setor”, comentou o líder das missões eleitorais da OEA.
Depois das eleições, a apuração preliminar indicava a possibilidade de um segundo turno, mas esse cenário perdeu força após a contagem ser interrompida. A OEA expressou preocupação com a interrupção e pediu transparência.
Diante das críticas, o ministro das Relações Exteriores da Bolívia, Diego Pary, comunicou ao secretário-geral da OEA, Luis Almagro, que aceita a realização de uma auditoria de todo o processo eleitoral, mas não deixou claro se os resultados finais prevalecerão, como reivindica a organização.
(Com EFE e Reuters)