A primeira-ministra da Dinamarca, Mette Frederiksen, precisou ser clara em sua mensagem a Washington: Groenlândia “não está à venda”, disse ao jornal Sermitsiaq. O fim de um acerto que nem chegou a iniciar teve de ser explicitado devido à insistência do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em manter o assunto na ordem do dia. Depois de confirmar o interesse de seu governo na compra da Groenlândia, o americano afirmou no domingo, 18, que seu projeto ainda está em curso. “Kim Kielsen (premiê da Groenlândia) deixou claro que a Groenlândia não está à venda. E é aqui que a conversa acaba”, afirmou Frederiksen.
A história começou na quinta-feira, 15, quando o jornal americano The Wall Street Journal publicou que a ideia da compra do território no ártico surgiu como uma piada, no início de 2018, no Salão Oval da Casa Branca. Segundo a reportagem, Trump levou a sério, dados os recursos naturais e a localização da ilha, e insistiu para que seus assessores avaliassem a ideia.
O bate cabeça entre os dois governos ocorre a duas semanas da visita oficial que o presidente americano fara à Dinamarca, onde se encontrará com Frederiksen, Kielsen, a rainha Margrethe II e os representantes das Ilhas Faroé. A expectativa é de, no mínimo, haver constrangimento no primeiro contato.
A resposta da primeira-ministra veio após a entrevista que Trump deu também no domingo no estado de Nova Jersey, onde descansou por alguns dias. “Estrategicamente é interessante, e nós estaríamos interessados, mas vamos conversar com eles mais um pouquinho”, afirmou. “Somos ótimos aliados da Dinamarca. Protegemos a Dinamarca, assim como protegemos grande parte do mundo”, destacou.
Horas antes da entrevista do presidente americano, o assessor econômico da Casa Branca, Larry Kudlow, garantiu que Trump avalia a possível compra a Groenlândia. “Não quero prever um resultado. Só digo que o presidente, que sabe uma ou duas coisas sobre a compra de bens mobiliários, quer dar uma olhada”, disse Kudlow à emissora de televisão Fox News.
Kudlow afirmou que o assunto está em andamento e garantiu que o ex-presidente Harry Truman, que ficou no poder entre 1945 e 1953, tentou comprar a ilha. O jornal The Washington Post publicou que Truman ofereceu 100 milhões de dólares pela Groenlândia, logo depois da Segunda Guerra Mundial. Em nenhum momento, no entanto, a imprensa americana apontou qual seria o motivo por trás do interesse pela Groenlândia, embora haja suspeita da busca por recursos naturais ou foco na importância geográfica.
A Groenlândia é uma região autônoma da Dinamarca desde 2009 e abriga cerca de 57.000 pessoas. O país nórdico colonizou a ilha de 2 milhões de quilômetros quadrados no século XVIII. O gelo cobre 85% da superfície da ilha chegando a 3 quilômetros de espessura, o que torna a região a fonte de 10% das reservas de água doce do planeta.
(Com EFE)