A Dinamarca anunciou nesta quarta-feira, 14, a interrupção definitiva da administração da vacina da Oxford/AstraZeneca contra o novo coronavírus, devido a preocupações com casos raros de coágulos sanguíneos.
Esta é a primeira vez que um fármaco será excluído permanentemente de uma campanha de vacinação na Europa, mudança que deve atrasar o programa de imunização do país em várias semanas. Todas as 2,4 milhões de doses disponíveis da AstraZeneca serão recolhidas, sem previsão alguma de retomada.
O diretor-geral da Autoridade de Saúde Dinamarquesa, Soren Brostrom, disse que seus estudos mostraram uma frequência maior do que o esperado de coágulos sanguíneos em pessoas que receberam a vacina britânica. Segundo ele, foi uma “decisão difícil”, mas o país tinha outras vacinas disponíveis e a pandemia estava sob controle no território.
“Os próximos grupos-alvo para vacinação têm menos probabilidade de desenvolver quadros graves da Covid-19“, disse. “Devemos colocar isso na balança contra o fato de que agora conhecemos o risco de efeitos adversos graves da vacinação com doses da AstraZeneca, mesmo que o risco em termos absolutos seja pequeno”, completou.
Outros países europeus já haviam interrompido o uso do fármaco temporariamente em meio a estudos sobre o possível efeito colateral, retomando a aplicação com a exclusão de grupos de risco (especialmente idosos). A Agência Europeia de Medicamentos, órgão regulador da União Europeia, reconheceu a possível ligação com coágulos, mas disse que o risco de morrer de Covid-19 é muito maior.
Na terça-feira 13, os Estados Unidos, o Canadá, a União Europeia e a África do Sul também suspenderam, por hora, o uso da vacina da farmacêutica da Johnson & Johnson por motivos semelhantes de coagulação sanguínea.
A Organização Mundial da Saúde (OMS), que já criticava a eficiência do programa de vacinação do bloco europeu, expressou preocupações de que a suspensão do uso de determinados imunizantes cause ainda mais turbulência
Segundo a emissora BBC, os efeitos colaterais são extremamente raros tanto para a AstraZeneca quanto para a Johnson & Johnson. Ambas funcionam por um método semelhante, conhecido como “vetores de adenovírus”.
Na Dinamarca, quase um milhão de pessoas já foram vacinadas, sendo que aproximadamente 150.000 delas receberam o fármaco da AstraZeneca. Também estão sendo usados os da Pfizer/BioNTech e da Moderna.
A União Europeia está se preparando para receber mais vacinas da Pfizer. Serão 50 milhões de doses extra nas próximas semanas, além de 1,8 bilhões de doses entre 2022 e 2023 – todas produzidas dentro do bloco.
Até agora, mais de 98 milhões de europeus receberam ao menos uma dose da vacina, em um ritmo médio de 2,29 milhões de doses administradas por dia. Contudo, ainda falta muito para que uma parcela significativa da população esteja protegida. Enquanto países desenvolvidos largam na frente, com Estados Unidos imunizando totalmente 22% dos americanos e Reino Unido, 12% dos britânicos, o bloco ainda está em 6%.