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Diplomata dos EUA na Ucrânia admite a pressão de Trump contra Zelenski

Testemunho de William Taylor no processo de impeachment do presidente americano reforça versão de uso de poder contra adversários políticos

Por Da Redação
22 out 2019, 17h52

Em depoimento ao comitê na Câmara dos Deputados que conduz o processo de impeachment do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o encarregado de negócios da embaixada americana na Ucrânia, William Taylor, afirmou que o chefe de Estado chantageou o governo ucraniano para obter vantagens políticas nas eleições de 2020.

Segundo a imprensa americana, Taylor descreveu aos deputados que Trump bloqueou a ajuda monetária para a área militar da Ucrânia e se recusou a receber a visita oficial do líder ucraniano, Volodymyr Zelensky, até que o país abrisse uma investigação contra Hunter Biden, filho do ex-vice-presidente e principal pré-candidato democrata à Casa Branca em 2020, Joe Biden. Trump também exigia uma apuração sobre suposta interferência de uma empresa ucraniana contratada pelo Partido Democrata para campanha eleitoral, em 2016.

O depoimento de Taylor está em linha com os testemunhos de outros dois diplomatas americanos à Câmara: a ex-embaixadora em Kiev, Marie Yovanovitch, que foi removida do posto em abril, e o embaixador para a União Europeia, Gordon Sondland, que recebeu a missão de engrossar as pressões sobre Zelensky. Trump tentou impedir que ambos depusessem em seu processo de impeachment.

Por fim, em entrevista à imprensa na Casa Branca, Mick Mulvaney, chefe de gabinete do presidente americano, admitiu que o governo insistira no prosseguimento da investigação da suposta interferência de empresa contratada pelos democratas pela Ucrânia. Em troca, liberaria a ajuda militar prometida ao país. “Vocês dizem que o presidente dos Estados Unidos não pode pedir a ajuda de alguém com uma investigação pública em andamento?”, disse Mulvaney. “Nós fazemos isso todo o tempo.”

A teoria da interferência ucraniana nas eleições de 2016 para prejudicar a campanha em 2016 é um dos motivos pelos quais Trump teria telefonado a Zelensky, julho passado. Agora, os congressistas democratas tentam contextualizar o que levou Trump a pressionar o líder ucraniano.

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O secretário-adjunto do Departamento de Estado responsável por assuntos de Ucrânia, George Kent, disse aos deputados que investigam o caso que o presidente americano recebeu a visita do primeiro-ministro da Hungria, Viktor Órban, em maio deste ano, apesar da resistência do então conselheiro de Segurança Nacional John Bolton. A visita se deu antes da posse de Zelensky e dez dias depois de um telefonema de Trump para o presidente da Rússia, Vladimir Putin.

Kent descreve como Órban, que tenta enfraquecer a influência da Ucrânia na Europa central, influenciou a opinião de Trump ao acusar Kiev de perseguir a minoria húngara no país. Líder de extrema-direita, Órban chegou a acusar o governo ucraniano de ser “semi-fascista”. A visão do premiê húngaro solidificou a má impressão de Trump sobre o novo líder da Ucrânia. Putin e o advogado pessoal do presidente, Rudolph Giuliani, já haviam dado avaliações similares. Dias depois, Trump recebeu a delegação americana presente à posse de Zelensky e se mostrou cético com a boa impressão que os enviados trouxeram do novo presidente.

O testemunho de Taylor era amplamente esperado porque o enviado especial dos Estados Unidos à Ucrânia, Kurt Volker, havia revelado mensagens por celular nas quais o encarregado de negócios dissera ser uma “loucura barrar a assistência militar (à Ucrânia) para obter ajuda em uma campanha política”.

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Enquanto Taylor testemunhava a portas fechadas, Trump disse pelo Twitter que o processo de impeachment é uma espécie de “linchamento”. Os deputados democratas que participaram do testemunho classificaram o conteúdo como “danoso” ao presidente, enquanto os republicanos replicaram ser um “exagero”.

 

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