Após uma disputa acirrada, os conservadores de direita do Partido Popular (PP) venceram as eleições gerais na Espanha neste domingo, 23, e poderá nomear como primeiro-ministro o presidente da sigla, Alberto Feijóo – no entanto, nenhuma das principais forças políticas espanholas conquistou a maioria das cadeiras no Parlamento e a nação vive novamente o risco de um governo travado.
Dos 350 assentos na Câmara dos Deputados, o PP conseguiu 136 – um salto de 47 parlamentares em relação a 2019, mas bem menos do que os 176 necessários para governar sem alianças. Já o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), do atual primeiro-ministro Pedro Sánchez, ficou em segundo lugar com 122 cadeiras – duas a mais do que nas votações de 2019. Em terceiro vieram o Vox, de extrema-direita, com 33 eleitos, e o Sumar, partido mais à esquerda do que o PSOE, com 31 cadeiras.
A vitória apertada do PP surpreendeu analistas, que projetavam cerca de 150 cadeiras para a legenda conservadora e em torno de 112 para os trabalhistas do PSOE. Até então, o grande mistério era se o PP, de direita moderada, aceitaria formar uma coalizão com o neofranquista Vox – o partido da direita radical, notório por suas posições anti-imigração e anti-União Europeia, prega em seus discursos o negacionismo climático e a revogação dos direitos ao aborto e à igualdade de gênero e orientação sexual. Contudo, a soma dos deputados eleitos por ambas as legendas não é suficiente para formar a maioria absoluta, e a dúvida continua sobre a estratégia do PP para exercer um governo efetivo.
Esta é a terceira eleição geral realizada na Espanha desde 2019 – ano em que ocorreram dois pleitos nacionais, ambos vencidos pelo PSOE. A votação deste domingo estava prevista para dezembro de 2023 – porém, após o fracasso do PSOE nas eleições regionais de maio, o próprio Pedro Sánchez antecipou a data do pleito como tentativa de forçar uma união de partidos contra uma possível ascensão do Vox à presidência do país.