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Discurso de Alvim parafraseando nazismo é criticado pela mídia estrangeira

A revista alemã Der Spiegel diz que as falas de Alvim são "chocantes"; para o espanhol El País, episódio coloca Bolsonaro em situação difícil

Por Amanda Péchy Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 17 jan 2020, 17h43

O discurso do então secretário nacional da Cultura, Roberto Alvim, com trechos de textos do nazista Joseph Goebbels e sua consequente demissão nesta sexta-feira, 17, foram destacados em reportagens em tom crítico nos jornais e portais de notícias internacionais. Para a revista alemã Der Spiegel, as declarações de Alvim foram “chocantes”.

A revista também sublinhou, porém, o posicionamento da embaixada do Brasil em Berlim. “O período do nacional-socialismo é o capítulo mais sombrio da história alemã, trouxe sofrimento infinito à humanidade. A Alemanha permanece responsável por isso. Nós nos Opomos a qualquer tentativa de banalizar ou mesmo glorificar a era do nacional-socialismo.”

Der Spiegel Roberto Alvim Nazismo
Der Spiegel: ‘Ministro da Cultura do Brasil é criticado pela citação de Goebbels’ – 17/01/2020 (Der Spiegel/Reprodução)

O britânico The Guardian ressaltou a equivalência entre os discursos de Alvim e de Joseph Goebbels, ministro da Propaganda de Adolf Hitler e um dos idealizadores do nazismo. “As palavras são surpreendentemente semelhantes às que o ministro de Hitler teria dito a um grupo de gerentes e diretores de teatro em 1933”, reportou.

O jornal completou que a fala de Alvim “desencadeou uma tempestade de indignação”.

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The Guardian Roberto Alvim Nazismo
The Guardian: ‘Secretário de Cultura do Brasil demitido após parafrasear nazista Goebbels’ – 17/01/2020 (The Guardian/Reprodução)

O jornal americano The New York Times informou que a indignação com o pronunciamento de Alvim nas redes sociais fizeram bombar as hashtags #Goebbels e #Nazismo. Mas a iniciativa do ex-ministro da Cultura foi também “o mais recente ponto de inflamação no debate mais amplo sobre liberdade de expressão e cultura na era Bolsonaro“. “O presidente fez campanha com a promessa de corrigir o curso [do país] depois de uma era de regulação por líderes esquerdistas, a quem ele acusa de tentar impor o ‘marxismo cultural'”, afirma o Times. “Seus críticos dizem que ele e seus aliados estão adotando um conceito dogmático para as artes, o sistema de educação pública e à sexualidade e direitos reprodutivos.”

The New York Times Roberto Alvim Nazismo
The New York Times: ‘A principal autoridade da cultura no Brasil foi demitida por evocar propaganda nazista’ – 17/01/2020 (The New York Times/Reprodução)
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Já o diário espanhol El País publicou que “não é a primeira vez que membros do alto escalão do bolsonarismo emulam regimes autoritários”, recuperando a defesa ao AI-5 (Ato Institucional de 1968) feita pelo ministro da Economia Paulo Guedes e pelo deputado Eduardo Bolsonaro.

El País Roberto Alvim Nazismo
El País: ‘Bolsonaro demite chefe da Cultura no Brasil depois de citar o nazista Goebbels em discurso’ – 17/01/2020 (El País/Reprodução)

“O discurso de Alvim coloca Bolsonaro em uma situação difícil”, analisou o El País, que vê ameaçada a relação próxima do governo brasileiro com o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, com quem o brasileiro vem tentando cultivar uma camaradagem, a exemplo da que mantém com  americano Donald Trump.

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O francês Le Figaro publicou sobre Alvim que “pedidos de demissão foram ouvidos em todos os lugares”. O diário listou figuras públicas como o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia , e instituições como a Confederação Israelita do Brasil entre os que exigiram a exoneração do ex-secretário da Cultura.

Le Figaro Roberto Alvim Nazismo
Le Figaro: ‘Brasil: inspirado demais em Goebbels, o ministro da Cultura renuncia’ – 17/01/2020 (Le Figaro/Reprodução)

O jornal francês também comentou que o Ministério da Cultura “simplesmente desapareceu sob o governo Bolsonaro após ser absorvido pelo da Cidadania [e rebaixado a secretaria]”. Lembrou ainda que, quando Alvim assumiu o cargo, em novembro, “prometeu ‘uma guerra cultural’ contra ‘forças progressistas'”.

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