Após 30 anos no poder, o ditador do Sudão, Omar Bashir, foi removido do cargo por um golpe militar nesta quinta-feira, 11. Bashir, de 75 anos, foi preso e um conselho militar de transição foi estabelecido.
Em um pronunciamento televisionado, o ministro da Defesa, Awad Ibn Ouf, afirmou que as Forças Armadas supervisionarão o período de transição de dois anos. Ele também anunciou o início de um estado de emergência de três meses de duração.
O gabinete governamental foi dissolvido, assim como a Assembleia Nacional e órgãos municipais. A Constituição do país foi suspensa. O Judiciário, embaixadas e outros órgãos diplomáticos continuarão a funcionar normalmente, segundo Ibn Ouf.
“Anunciamos um estado de emergência em todo o país por três meses e ordenamos o fechamento das fronteiras e do espaço aéreo do país até que um novo anúncio seja feito”, disse.
Todos os presos políticos detidos pelas forças do governo desde que protestos contra o presidente começaram no país serão libertados, completou o ministro. Os militares também decidiram impor um toque de recolher noturno no país.
Há meses, Bashir vinha sendo pressionado por manifestações em todo o país. Os protestos começaram em dezembro pela decisão do governo de triplicar o preço do pão em um país mergulhado na crise econômica. Rapidamente, os atos se transformaram em um movimento contra o ditador.
Na terça-feira, 11 pessoas, incluindo seis membros das forças de segurança, foram mortas nas manifestações em Cartum, segundo o governo, que não especificou as circunstâncias. A ONG Human Rights Watch, contudo, divulgou um balanço de 51 mortos, incluindo crianças.
Desde sábado, milhares de manifestantes exigiam, em frente ao quartel-general do Exército, o apoio dos militares. A televisão estatal interrompeu esta manhã sua programação normal para informar “um importante anúncio das Forças Armadas”, que finalmente foi feito no início da tarde.
Bashir tomou o poder no Sudão em 30 de junho de 1989, graças a um golpe apoiado pelos islamistas contra o governo democraticamente eleito do então presidente Sadek Mahdi.
Em 2010, foi eleito presidente durante as primeiras eleições multipartidárias, boicotadas pela oposição. Foi reeleito em 2015.