Testes de DNA comprovaram que o médico Jan Karbaat, envolvido em um escândalo de fertilidade na Holanda, gerou pelo menos 49 filhos usando o próprio sêmen nas inseminações realizadas em sua clínica, anunciou nesta sexta-feira, 12, a organização não governamental (ONG) Defence for Children, que representa as vítimas do golpe.
Karbaat, que morreu em 2017 aos 89 anos de idade, ignorava os doadores escolhidos por suas pacientes no banco de dados da clínica, na cidade de Rotterdam. Deliberadamente fecundava os óvulos delas com seus próprios espermatozoides.
A história controversa se tornou pública em fevereiro, depois de uma corte holandesa determinar que o DNA do médico deveria ser disponibilizado para que as famílias lesadas conduzissem seus próprios exames. Antes de sua morte, Karbaat admitiu ser o pai de cerca de 60 crianças geradas durante seu trabalho na clínica, que fechou em 2009 por denúncias de irregularidade.
Os advogados dos denunciantes disseram que as desconfianças surgiram depois que alguns dos bebês nasceram com olhos escuros, enquanto o doador supostamente tinha olhos claros, e quando alguns dos meninos mostraram semelhanças físicas com o médico.
Depois dos resultados dos exames, a família de Karbaat pediu para que sua privacidade fosse resguardada. “Entretanto, com o aval dos juízes para o teste de paternidade, o juiz colocou os direitos das crianças acima do direito de Karbaat e de sua família”, comemorou a conselheira da Defence for Children, Iara de Witte.
“Agora, depois de anos de incerteza, os reclamantes podem finalmente fechar este capítulo e começar a processar o fato de que eles são um dos muitos descendentes de Karbaat.”
Durante sua vida, o médico holandês foi casado três vezes e teve outros 22 filhos, o que o transforma em pai de pelo menos 71 pessoas. Em entrevista a um jornal local, em 2016, Karbaat admitiu que misturava o sêmen de vários doadores porque isso aumentava a possibilidade de a paciente ficar grávida.
No entanto, sempre rejeitou realizar testes de DNA para comprovar as suspeitas e classificou as litigantes de “mães frustradas com o resultado da inseminação.”
(Com Agência EFE)