Documentário diz ter identificado soldado israelense que matou jornalista americana
Jornalista da Al Jazeera foi deliberadamente baleada na cabeça durante reportagem na Cisjordânia, em 2022

Um novo documentário produzido nos Estados Unidos apresentou evidências que apontam para a identidade de um soldado israelense que matou a tiros a jornalista palestino-americana Shireen Abu Akleh, da Al Jazeera, em 2022. O filme, “Quem Matou Shireen?”, conclui que o responsável seria um membro da unidade das forças especiais israelenses, segundo reportagem do jornal britânico The Guardian, publicada nesta sexta-feira, 9.
O governo israelense, à época liderado por Naftali Bennett, inicialmente tentou culpar militantes palestinos pela morte da jornalista de 51 anos, que cobria ataques israelenses no campo de refugiados de Jenin, na Cisjordânia, e foi baleada na cabeça. Meses depois, autoridades israelenses admitiram que tropas do país eram responsáveis — sem identificar uma unidade ou indivíduo responsável ou permitir que o governo dos Estados Unidos, então sob comando do democrata Joe Biden, tivesse acesso às informações. O governo israelense também negou ofertas de ajuda do FBI para investigar o caso.
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O documentário, feito pela organização de mídia Zeteo, pretende não apenas identificar o soldado responsável pela morte do jornalista, mas também mostrar a falha do governo dos EUA em responsabilizar os militares israelenses.
Soldados ouvidos pela equipe do documentário identificaram o responsável pela morte como Alon Scagio, que foi promovido a capitão e transferido para outra unidade após o ataque que matou Abu Akleh. Ele morreu durante uma operação em junho de 2024 na Cisjordânia.
Em 2022, uma investigação da Organização das Nações Unidas concluiu que o tiro que matou Shireen Abu Akleh partiu das forças de Israel e não de palestinos.
“É profundamente perturbador que as autoridades israelenses não tenham conduzido uma investigação criminal. Todas as informações que obtivemos, incluindo as do Exército israelense, mostram que os tiros partiram das forças de segurança de Israel, e não dos palestinos”, disse Ravina Shamdasani, porta-voz do Alto Comissariado para Direitos Humanos da ONU, em comunicado.