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Dois dias após eleição, Justiça aceita nova denúncia contra Kirchner

A vice-presidente eleita foi inocentada em dois casos de corrupção, mas no mesmo dia foi formalmente acusada de formação de cartel em outra ação

Por Da Redação
Atualizado em 29 out 2019, 19h01 - Publicado em 29 out 2019, 17h42
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  • Dois dias após as eleições gerais na Argentina no domingo 27 — que consagraram Cristina Fernández de Kirchner (CFK) como vice-presidente eleita na chapa do advogado e ex-ministro Alberto Fernández —, Kirchner foi inocentada em duas das doze causas que enfrenta na Justiça. E, no mesmo dia, outra acusação foi confirmada.

    A Câmara Federal, órgão da Justiça argentina, revogou as decisões do juiz federal Claudio Bonadio, que processava Kirchner no caso de recebimento de suborno na renegociação de corredores rodoviários e de sobrepreço do gás natural.

    Com relação aos corredores, de acordo com a Câmara, as declarações dos delatores não são suficientes para “identificar-la [Kirchner] como a encarregada de receber suborno”. Sobre a fraude na importação do gás natural, os juízes Leopoldo Bruglia e Pablo Bertuzzi defenderam não haver “registros suficientes” para provar que a operação tenha sido realizada para os fins ilegais que determinam a acusação.

    Bruglia e Bertuzzi, entretanto, endossaram o processo em que Cristina Kirchner é associada à formação de cartel na concessão de obras públicas. Dessa forma, Kirchner se livrou de duas acusações, mas confirmou mais uma. 

    A ex-presidente mantém, no seu cargo de senadora, o foro privilegiado que a vem protegendo dos processos que responde na Justiça. Dentre eles, seis com pedido de prisão preventiva.

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    Apesar das acusações, não há dúvidas de que, embora pouco ativa nos comícios da campanha peronista, Kirchner foi a figura mais importante das eleições argentinas deste ano.

    Até maio, quando surpreendentemente foi lançada a candidatura de Fernández à Casa Rosada, com a peronista como vice, todas as pesquisas a apontavam como potencial adversária do atual presidente, Mauricio Macri. A temperamental e briguenta Cristina manteve-se um passo atrás, lançou a oportuna autobiografia Sinceramente e embarcou várias vezes a Havana para estar com a filha, oficialmente em tratamento médico em Cuba. Mas teve de apresentar-se à Justiça, enquanto garantia os votos populares a Fernández.

    No último capítulo das novelas judiciárias de CFK, em setembro, o principal processo do escândalo dos Cadernos da Corrupção foi enviado a um tribunal de segunda instância de Buenos Aires para julgamento. Trata-se da Lava Jato Argentina, que estourou no início de 2018 graças às anotações de bordo de um chofer do Ministério do Planejamento Federal que, de acordo com as investigações, levava e trazia malas de dinheiro repassado por empresários beneficiados pelo governo Kirchner para as autoridades envolvidas no esquema.

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    Presidente da Argentina entre 2007 e 2015, CFK foi acusada de liderar essa “associação ilícita”. Segundo as investigações, mais de 170 funcionários do governo e empresários estavam presos nessa teia de corrupção executada entre 2003 e 2015 e que, portanto, envolveu também seu marido, Néstor Kirchner, presidente argentino entre 2003 e 2007 e falecido em 2010.

    Apesar do pedido de prisão preventiva já expedido contra a atual vice-presidente, esse processo não tem data oficial para ser julgado.

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