Dos 135 cardeais com direito a voto, quantos foram indicados por Francisco?
Pontífice argentino nomeou 108 dos 135 cardeais que participarão do conclave — 80% do total

Mais um legado do papa Francisco pode ser a influência na sua própria sucessão. Dos 135 cardeais com direito a voto no conclave, 108 foram nomeados por ele — 80% do colégio eleitoral que definirá o próximo líder da Igreja Católica nas próximas semanas.
Desde o início de seu pontificado, em 2013, mais de 20 países passaram a ter cardeais pela primeira vez, entre eles Mongólia, Laos, Mali, Papua-Nova Guiné e Tonga.
Em vez de priorizar arcebispos de grandes metrópoles europeias como Paris e Milão, considerados automaticamente candidatos ao cardinalato em outros tempos, o argentino descentralizou o poder no Vaticano e ampliou a representatividade global da Igreja.
Francisco também nomeou o primeiro cardeal do Irã, o missionário belga Dominique Mathieu, e o primeiro da Sérvia, o arcebispo Ladislav Nemet, de Belgrado.
Ao todo, Francisco realizou dez consistórios ordinários, cerimônias em que se nomeiam cardeais, ao longo de doze anos. Na mais recente, em dezembro, elevou representantes dos cinco continentes, incluindo o brasileiro Dom Jaime Spengler, arcebispo de Porto Alegre e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). A América Latina também foi contemplada com nomes como o peruano Carlos Castillo, o chileno Fernando Chomalí, o equatoriano Luis Cabrera e o argentino Vicente Bokalic, de uma diocese no interior do país.
Com quatro em cada cinco cardeais eleitores nomeados pelo papa Francisco, especialistas apontam que a diversidade no perfil dos cardeais pode influenciar significativamente os rumos da próxima eleição papal.
“Será um dos conclaves mais diversos da história”, afirmou à CNN a professora Susan Timoney, da Universidade Católica da América.
Ainda assim, a vantagem numérica não garante que o futuro pontífice seguirá os passos de Francisco. A votação é secreta e cada cardeal decide conforme sua própria consciência.
O conclave será realizado na Capela Sistina, no Vaticano, com data prevista entre os dias 5 e 10 de maio.
Até lá, o colégio de cardeais seguirá reunido para deliberar sobre o futuro da maior instituição religiosa do mundo — agora, amplamente influenciado por aquele que a conduziu por mais de uma década.