O presidente da Rússia, Vladimir Putin, advertiu nesta sexta-feira que o tenso impasse entre a Coreia do Norte e os Estados Unidos está à beira de um conflito de larga escala e disse que é um erro tentar pressionar Pyongyang com sanções sobre seu programa de míssil nuclear.
Putin, que comparecerá a uma reunião de cúpula do Brics na China na próxima semana, escreveu em um artigo publicado em VEJA desta semana que prefere, em vez da pressão com sanções, negociações com a Coreia do Norte. “Os problemas da região deveriam ser solucionados por meio de um diálogo direto entre todas as partes envolvidas, sem nenhuma condição prévia”, escreveu o presidente russo.
“As provocações, a pressão e as retóricas militares e ofensivas são um beco sem saída”, completou, antes de afirmar que é um erro achar que pressionar a Coreia do Norte irá frear seu programa nuclear e balístico.
O presidente russo pediu mais uma vez apoio à proposta de Moscou e Pequim para desativar a crise. Rússia e China pediram em várias oportunidades uma “dupla moratória”: a interrupção simultânea dos testes nucleares e balísticos norte-coreanos, assim como das manobras militares conjuntas dos Estados Unidos e da Coreia do Sul.
O chefe da diplomacia russa Serguei Lavrov já havia solicitado na quarta-feira, durante uma conversa por telefone com o secretário de Estado americano Rex Tillerson, que não se utilizasse a força militar contra a Coreia do Norte após o lançamento de um míssil que sobrevoou o Japão.
A tensão se agravou no último mês, depois que o presidente Donald Trump ameaçou Pyongyang com “fogo e fúria“. Na segunda-feira (terça-feira no horário local), a Coreia do Norte disparou um míssil que sobrevoou o norte do arquipélago japonês. O teste provocou novas reações do líder americano, que declarou que uma solução por diálogo não é possível e fez uma demonstração de força durante as manobras conjuntas anuais com a Coreia do Sul, em um exercício com munição real. Apesar disso, o ditador norte-coreano advertiu que fará outros lançamentos sobre o Pacífico e voltou a ameaçar bombardear Guam.
(com Reuters e AFP)