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‘El Chapo’ subornava até a Interpol, afirma testemunha do governo

Segundo Jesús Zambada, que trabalhava no cartel de Sinaloa, famosos traficante pagava 300.000 dólares por mês em subornos só na Cidade do México

Por AFP Atualizado em 15 nov 2018, 22h30 - Publicado em 15 nov 2018, 22h29
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  • Joaquín “El Chapo” Guzmán e seu cartel de Sinaloa subornavam a procuradoria-geral do México, a polícia, militares e até a Interpol, pagando 300.000 dólares por mês só na Cidade do México, afirmou nesta quinta-feira, 15, Jesús Zambada, uma testemunha-chave do governo no julgamento do traficante. Zambada também relatou passo a passo o nascimento do cartel de drogas e sua violenta guerra como os rivais de Tijuana.

    Empregado do cartel de 1987 até sua prisão em 2008 e irmão do chefão do tráfico Ismael “Mayo” Zambada García – cofundador da organização criminosa junto com “El Chapo” -, Jésus “El Rey” Zambada detalhou durante mais de quatro horas os custos exorbitantes de proteger o contrabando da droga colombiana que viajava para os Estados Unidos via México, no terceiro dia deste processo que durará cerca de quatro meses.

    A testemunha contou que pagava pessoalmente subornos ao comandante da Procuradoria-Geral da República (PGR) na capital mexicana, à polícia rodoviária federal, à polícia judiciária federal, estadual e municipal e “à Interpol também”. O cartel controlava vários estados e neles subornavam “principalmente ao governador, ao procurador, ao diretor da Polícia Federal e municipal”.

    “Os subornos para funcionários do governo na Cidade do México eram cerca de 300.000 dólares por mês”, contou ao júri Zambada, de 57 anos, vestindo traje de presidiário azul e camiseta laranja. Zambada disse que também pagou, em 2004, um suborno de 100.000 dólares ao general Gilberto Toledano, encarregado do estado de Guerrero, a pedido do Chapo.

    “Eu ia importar cocaína da Colômbia pelo estado de Guerrero, falei sobre isso com El Chapo Guzmán Loera e com meu irmão Mayo, e o Chapo me disse ‘aí está o general Toledano, é meu amigo, vá vê-lo e dê a ele 100.000 dólares de minha parte'”, contou El Rey.

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    “Mandava dar de presente, e me disse que o cumprimentasse e mandasse um abraço”, acrescentou. “El Chapo” ouviu com atenção o veredito de seu ex-aliado e hoje colaborador do governo americano, que começou na quarta-feira à tarde e deve continuar durante todo o dia.

    Extraditado para os Estados Unidos há 22 meses, “El Chapo”, de 61 anos, é acusado de enviar mais de 155 toneladas de cocaína aos Estados Unidos durante 25 anos. Se for considerado culpado, pode ser condenado à prisão perpétua.

    Em troca de sua colaboração, a promotoria pedirá ao juiz que reduza a sua pena e já o ajudou a trazer sua família para os Estados Unidos para protegê-la de eventuais atentados, segundo relatou a própria testemunha.

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    De terno escuro e gravata, “El Chapo” escutou com atenção e sem esboçar reação o relato de seu ex-aliado. Antes de deixar a sala, “El Rey” lhe dirigiu um tímido sorriso.

    A defesa afirma que “El Chapo” é o bode expiatório de governantes mexicanos “corruptos” e de agentes da agência antidrogas americana, a DEA, que armaram uma armadilha para ele. E alegam que o verdadeiro chefe do cartel de Sinaloa era Mayo Zambada, irmão da testemunha.

    Mas segundo “El Rey”, “El Chapo” e seu irmão Mayo eram sócios e ambos grandes chefes do cartel, coordenavam os subornos de funcionários do governo e também pagavam a pistoleiros para cometerem assassinatos.

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