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Eleição na Bolívia encerra 20 anos de domínio da esquerda com dois direitistas no 2º turno

Rodrigo Paz Pereira e Jorge 'Tuto' Quiroga avançam na disputa marcada pelo declínio do partido Movimento ao Socialismo em meio a grave crise econômica

Por Amanda Péchy Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 18 ago 2025, 08h36

A eleição presidencial da Bolívia terá um segundo turno pela primeira vez na história, com dois candidatos de direita nas cédulas. Este foi o resultado do primeiro turno do pleito, no domingo 17, marcando o fim de quase duas décadas anos de domínio do esquerdista Movimento ao Socialismo (MAS) na política do país.

As pesquisas já indicavam que a disputa iria nessa direção, mas o candidato mais votado acabou sendo uma surpresa: o senador de centro-direita Rodrigo Paz Pereira (Comunidade Cidadã), 57, que havia iniciado a campanha com apenas 3% das intenções de voto. Em segundo lugar, mais condizente com levantamentos eleitorais, ficou Jorge “Tuto” Quiroga (Liberdade e Democracia), 65, o ex-presidente de direita que liderou o país brevemente em 2001, após a renúncia do ditador Hugo Banzer.

Com pouco mais de 95,5% dos votos apurados na contagem “preliminar” do tribunal eleitoral, Paz Pereira tinha 32,2% e Quiroga, 26,8%. Samuel Doria Medina (Unidade Nacional), que aparecia em segundo lugar nas últimas pesquisas, ficou com 19,9% e anunciou que apoiaria Paz Pereira no segundo turno. O principal nome da esquerda, Andrónico Rodriguez, que deixou o MAS para concorrer pela coalizão Aliança Popular, terminou com 8,2%, enquanto o candidato do MAS, Eduardo del Castillo, teve 3,2%.

“Quero agradecer a todos os homens e mulheres que tornaram isso possível e deram voz àqueles que não tínhamos, que não aparecíamos nas urnas, que não existíamos”, disse Pereira, filho do ex-presidente Jaime Paz Zamora, que governou a Bolívia de 1989 a 1993.

Pereira, senador por Tarija, agradeceu efusivamente ao seu companheiro de chapa, o ex-capitão da polícia Edman Lara Montaño, que se tornou conhecido por expor a corrupção policial e que, segundo muitos analistas, foi um atrativo decisivo para os eleitores.

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“Combateremos a corrupção de frente, caramba!”, bradou Pereira a dezenas de apoiadores que aguardavam seu discurso na noite de domingo em La Paz.

Quiroga, por sua vez, declarou: “É uma noite histórica – não para um partido, não para uma facção, não para uma candidatura, mas para todos os bolivianos que falaram com força, com fé, com esperança e com dignidade. Hoje, demos um passo gigantesco em direção a um amanhã melhor.”

Na imprensa boliviana, analistas sugeriram que Paz Pereira tomou a dianteira porque a batalha eleitoral nas últimas semanas havia se concentrado em Quiroga, Doria Medina e a esquerda, deixando o senador fora da principal linha de ataques – ou mesmo das campanhas de notícias falsas. Além disso, as pesquisas indicavam que ainda havia um grande número de eleitores indecisos (quase 10%) antes do dia da eleição.

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Próximos passos

O tribunal eleitoral enfatizou que os números são “preliminares e não definitivos”. Isso porque a Bolívia utiliza duas apurações: uma mais rápida, baseada em fotos de cada cédula enviadas a um centro de processamento de dados, e a mais lenta, definitiva, em que cada voto é contado publicamente e examinado nas seções eleitorais antes de entrar no sistema. O tribunal tem até sete dias para divulgar os resultados oficiais.

Mais de 2.500 observadores nacionais e internacionais, de órgãos como a União Europeia e a Organização dos Estados Americanos (OEA), monitoraram a eleição e devem publicar seus relatórios preliminares nos próximos dias. Durante o dia do pleito, eles disseram que a votação ocorreu normalmente.

Como nenhum dos dois candidatos na dianteira obteve mais de 50% dos votos, ou pelo menos 40% com uma vantagem de 10 pontos sobre o segundo colocado, um segundo turno será realizado em 19 de outubro.

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Assim como no primeiro turno, espera-se que o segundo seja dominado pela crise econômica – a mais grave em quatro décadas –, marcada pela escassez de dólares, falta de combustível e inflação em alta.

O fantasma de Evo

O presidente Luis Arce, do MAS, extremamente impopular, optou por não concorrer à reeleição. Ao invés disso, endossou seu ministro do Interior, Castillo. Os pouco 3,2% dos votos que ele recebeu são irrisórios em comparação com os mais de 50% que garantiram no passado as vitórias de Arce e do ex-presidente Evo Morales direto no primeiro turno – mas suficiente para que o partido siga existindo, já que o mínimo é de 3%.

De acordo com a contagem preliminar, 19,4% dos votos foram nulos – muito acima da média histórica nas eleições bolivianas, que costuma ficar abaixo de 5%. Primeiro líder indígena da Bolívia, Morales passou as últimas semanas instando seus apoiadores a anularem o voto em protesto contra as decisões dos tribunais constitucionais e eleitorais que o impediram de concorrer a um quarto mandato.

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Rodríguez, antes visto como o herdeiro natural de Morales devido às suas raízes indígenas e liderança no sindicato dos cocaleiros, foi chamado de traidor por lançar sua própria candidatura. Ao votar em Entre Ríos — um reduto do ex-presidente perto de onde ele permanece escondido por ser alvo de um mandado de prisão, acusado de tráfico humano e de ter engravidado uma adolescente — o senador de 36 anos foi vaiado e apedrejado pelo que descreveu como “um pequeno grupo de extremistas identificados como apoiadores de Morales”.

Morales nega ter cometido qualquer crime e alega que o caso faz parte de um plano do governo atual, com quem rachou, para destruí-lo politicamente. O presidente Arce, que foi ministro da Fazenda de Morales antes de se tornar seu principal rival, votou em La Paz e disse que garantiria “uma transição absolutamente democrática” em novembro, quando o próximo presidente tomar posse.

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